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sábado, 28 de março de 2015

Evolução perigosa no Iémene - A situação no Iémene está em grande aceleração, ameaçando expandir-se de um conflito nacional para um guerra regional no Médio Oriente, região de grande interesse do imperialismo, representando portanto um potencial perigo para a paz não só na região mas com com efeitos globais.

Evolução perigosa no Iémene

A situação no Iémene está em grande aceleração, ameaçando expandir-se de um conflito nacional para um guerra regional no Médio Oriente, região de grande interesse do imperialismo, representando portanto um potencial perigo para a paz não só na região mas com com efeitos globais.
O conflito nacional envolve duas frentes independentes contra o governo: uma protagonizada pelo Ansar al-Sharia (afiliado ao Al-Qaeda da Peninsula Árabe) possivelmente em aliança com o Estado Islâmico, e leais ao antigo presidente Ali Abdullah Saleh; e os houthis, grupo xiita (mais especificamente zaídi) cujo nome deriva do seu líder Hussein al-Houthi.
O grupo sunita Ansar al-Sharia conduz uma campanha separatista do Iémen do Sul, tendo protagonizado inúmeros ataques terroristas, incluindo um ataque suicida ao palácio presidencial, em 2012, no dia que o Presidente Hadi assumiu funções, resultando na morte de 26 guardas republicanos, e três meses mais tarde outro ataque que matou 96 soldados em Sana. Este grupo tem sido o principal alvo dos inúmeros ataques dos EUA no Iémen, desde 2009, usando aviões não pilotados, incluindo um ataque supostamente sobre um campo terrorista que atingiu uma vila, matando mais de 60 civis, incluindo 28 crianças. Ataques que persistiram depois da derrube de Saleh, tendo o novo presidente, Abd Rabbuh Mansur Hadi recebdi grande apoio por parte dos EUA.
Os houthis, grupo minoritário no Iémen, com base no norte, tem vindo a combater o governo desde 2004, acusando-o de opressão durante o regime da República e Saleh durante a guerra entre 2004-2010, e por se terem sentido excluídos do processo político de transição desde o golpe (apoiado pelos EUA) que substituiu o presidente Saleh por um governo transitório liderado por Hadi, um governo frágil, corrupto e ineficaz (a taxa de pobreza é acima dos 50%).
Adam Baron defende que existe uma componente ideológica ao movimento, de fortalecimento do zaidismo face às ideologias influenciadas pela Arábia Saudita e a influência dos EUA sobre este país. Os houthis ganharam ascensão, logrando vir a participar no Conselho de Diálogo Nacional, iniciativa apoiada pelas NU para formar a nova constituição. Mas tensões entre os houthis e outras facções cresceram e o colapso do processo. Em meados de 2014 realizaram manifestações contra o governo em torno do cancelamento de subsídios de combustível que os afectou brutalmente. Os protestos evoluíram para confrontos militares e em Setembro os houthis controlavam a capital do país, Sana. O sucesso da sua campanha militar deve-se em parte devido à grande fragilidade do governo e das forças militares.
Obrigaram então Hadi a formar um governo de unidade, mas recusaram-se a participar no governo tendo continuado a aplicar pressão, bombardeando a residência presidencial, prendendo o presidente e forçando a demissão do governo em Janeiro deste ano. Dissolveram então parlamento, declararam um Comité Revolucionário liderado por al-Houthi, e declaram uma constituição em Fevereiro. Aparentemente os houthis estabeleceram uma aliança com o ex-presidente Saleh, tendo apelado para a eleição do seu filho, Ahmed Ali Abdullah Saleh, como futuro líder do Iémene.
 Hadi fugiu para Aden, no sul do país, donde rescindiu a sua demissão e declarando Arden como capital. Em Março, Hadi foi forçado a fugir do país para a Arábia Saudita, país que considera os houthis (xiitas) como posto avançado no Irão e Hezbollah, e logo uma ameaça nas sua fronteira. Nessa altura retiraram-se também as tropas especiais e corpo diplomático dos EUA.
Esta semana a Arábia Saudita formou uma coligação militar com os Emiratos Árabes, Kuwait, Catar, Bahrein, Jordânia, Marrocos, Sudão, Egipto, e Paquistão (e apoio logístico e de inteligência por parte dos EUA) e iniciaram já uma campanha militar com ataques aéreos sobre o Iémene não tendo excluindo a possibilidade de envio de tropas terrestres, usando tropas sauditas e egípcias.
Há 6 meses, o Presidente Obama descrevia a situação no Iémene como um caso de sucesso no combate ao terrorismo, testemunho de que os EUA continua a possuir um nível de inteligência e compreensão da complexidade do Médio Oriente muitíssimo carente, ofuscada pela seu foco do terrorismo e protecção dos seus aliados de circunstância que garantam seu domínio regional.


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