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sábado, 1 de novembro de 2014

A MERDA XUXIALISTA E XÔXIALISTA EM FRANÇA

Para imprensa francesa, crise no partido socialista mostra fracasso do governo

Capa da edição da revista Nouvel Observateur desta semana.
Capa da edição da revista Nouvel Observateur desta semana.
RFI


A crise no Partido Socialista (PS) é manchete dos principais jornais franceses desta quinta-feira (23). Na terça-feira, o não comparecimento de 39 deputados socialistas a uma sessão decisiva na Assembleia sobre o orçamento de 2015 gerou muita polêmica. Para boa parte da imprensa francesa, as ausências evidenciam ainda mais o fracasso do governo do presidente François Hollande.

Le Figaro classifica as confusões dentro do PS como uma "desordem intolerável". Em editorial, o jornal publica que tudo já ia mal no governo Hollande, “com uma economia catastrófica, os maus resultados em eleições municipais e regionais, um chefe de Estado incapaz de mostrar sua autoridade e parlamentares se confrontando”. Mas, segundo o diário conservador, surpreendentemente, agora tudo está ainda muito pior. "Nada mais funciona no governo e até mesmo dentro do Partido Socialista.”
Enquanto isso, diz o editorial, os franceses estão mergulhados em impostos e taxas, expostos a reformas incoerentes, submetidos a um improvisação permanente de um poder sem liderança. "A guerra entre os socialistas veteranos e os que pretendem ser modernos, entre a esquerda clássica e a reformista é, mais uma vez, a prova da incapacidade do Partido Socialista de governar", escreve Le Figaro.
“Cacofonia suicida”
O jornal de esquerda Libération não tem um tom mais brando ao analisar o racha. Para o diário progressista, a ruptura no PS é uma "cacofonia suicida". O diário avalia que a guerra dos socialistas é envenenada por intrigas de ambição já que, além das divergências sobre as reformas econômicas e o orçamento para 2015, um dos panos de fundo deste racha são as eleições para a direção do partido, já de olho nas eleições presidenciais de 2017.
De acordo com o Libé, um dos responsáveis pelos desentendimentos é o homem forte do governo Hollande, Manuel Valls. "Que papel tem um primeiro-ministro?", pergunta o jornal. "Segundo a Constituição, ele deve dirigir, ser o chefe da maioria, promover a união. Mas Valls escollheu outra forma de encarar essa função. Se ele não é o responsável direto por todo este incêndio, ele o alimenta com regularidade", dizendo, por exemplo, que a esquerda não é mais socialista e dando preferência a uma política mais voltada aos princípios da direita, avalia o diário progressista.
Renúncia de Valls
O jornal econômico Les Echos vai mais longe e revela que alguns socialistas suspeitam que Valls esteja, inclusive, preparando uma renúncia.
Em editorial, o diário avalia que o retorno do ex-presidente Nicolas Sarkozy à cena política deveria ter acordado o Partido Socialista para a corrida às eleições presidenciais de 2017. Mas, um mês após o anúncio de Sarkozy, que é o principal figura da direita francesa, o PS não reagiu e se mostra cada vez mais dividido. "A máquina perdedora se acelera mais uma vez, envergonhando os eleitores de esquerda", finaliza o editorial do Les Echos.
Esquerda do passado
Em uma entrevista de sete páginas publicada na revista Nouvel Observateur, Valls não esconde seu descontentamento com a esquerda e tece críticas aos colegas de partido apegados às ideologias socialistas. “É preciso colocar um fim a esta esquerda ligada ao passado”, diz, ressaltando que na legenda há uma “nostalgia assombrada pelo marxismo”.
Para o primeiro-ministro, esta ideologia ainda presente no Partido Socialista “pode levar a desastres”. “A esquerda que eu defendo carrega um ideal: a emancipação de cada um. Ela é pragmática, reformista e republicana”, considera.
Ao ser questionado se a esquerda pode morrer, Valls avalia que, para que ela sobreviva, é necessário oferecer respostas fortes sobre a globalização, reformas no Estado, cidadania, igualdade entre mulheres e homens, a construção de “um Islã compatível com os valores franceses”. “A época das soluções gerais, idênticas para todos, evoluiu. É preciso buscar a universalidade dos princípios considerando a heterogeneidade das situações”, acredita.

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