Judite Faquinha- Avante
* Judite Faquinha
Era ainda pequenina
Bem rebelde e traquina
Vi um jornal pequenino
Era sim, bem pequenino
Bebi cada palavra, do JORNALINHO
Ensinou-me a ser o que sou!
Ideais, princípios de valor
O li, quase de cor
Orgulhosa de o ter para ler
Chamava o povo á realidade
Apelava á unidade
Praticar e a guardar
As lutas no dia, a dia
Prisões, mortes acontecia
O AVANTE denunciava
Denunciava tudo que era fatal
Políticos, presos para o TARRAFAL
Onde morriam em morte lenta
Se morriam na frigideira
Eu chamo de torradeira
Era TURTURA até matar
Dez, onze, doze apenas
Eu era bem pequena
Entreguei! Quantos salários?
Ia para a escola com alegria
Correndo quase por magia
Minha missão tinha comprido
Legumes por mim mandavam
As famílias que precisavam
Para a fome dos filhos matar
Dos legumes, a P.I.D. sabia
Ao interrogarem o meu pai um dia
O chefe Tinoco dos salários não falou
Mas eu nunca tive medo
Se soubessem do meu segredo
Me sentia feliz ao faze-lo
Eram, famílias dos comunistas
Presos pela policia, fascista
De um Portugal amordaçado
Lutavam por liberdade
Justiça e dignidade
Por trabalho, pão e PAZ
12-09-62
Judite Faquinha
Victor, no livro < VIVER E RESISTIR NO TEMPO DE SALAZAR> fala de um poema meu e, o que segnificou este jornal para mim! Te mando, o < AVANTE> mas, é o meu sentimento de uma comunista com a terceira classe, a minha formação académica e a esperiência da vida... e vivendo no campo, mas com o vicio da leitura, é um poema de linguagem simples, mas é o meu sentir!
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