Saúde Pública - O cheiro já não se pode ignorar...
Não fosse a dedicação, persistência e firmeza de convicções de milhares de profissionais da saúde, que estão certos da razão que lhes assiste ao defenderem que a vida das pessoas não pode estar à mercê da ganância e dos lucros de meia dúzia... e o Serviço Nacional de Saúde, por estes dias já pareceria um corpo gigante em decomposição, como uma baleia que tivesse dado à costa há meses.
Mesmo assim, não é possível ignorar o cheiro nauseabundo que é já indisfarçável. Um cheiro de morte. De morte inútil eantecipada de muitos portugueses. Sim! Não vale a pena armarem-se em virgens ofendidas, pois é da morte antecipada de muitos portugueses que se está a falar. E falará ainda mais.
Do lado de fora do “monstro”, os milhões de pobres. Tão pobres, que quase um milhão já pediu a isenção de pagamento de taxas moderadoras. Tão pobres, que mesmo havendo muitos que não têm acesso a essa “caridosa” isenção, tal como os outros, acabam por evitar as consultas, escolher os medicamentos que conseguem pagar, não aviando as receitas por inteiro. Sem dinheiro para os transportes cada vez para mais longe e mais caros.
Do lado de dentro, hospitais sobrelotados, por tudo e também pelo afluxo de milhares de doentes adicionais que viram fechados os seus Centros de Saúde habituais. Camas nos corredores, camas no refeitório, horas e horas (ou dias) sem acesso a qualquer médico, riscos acrescidos de infecções hospitalares, enfermeiros que vão saindo do sistema e não são substituídos, cortes de milhões e milhões nas verbas disponíveis, entrada no sistema de materiais de qualidade medíocre. Como se tudo isto não bastasse, a (criminosa) tentação de reutilizar materiais que não são, de todo, reutilizáveis, como por exemplo, “pacemakers” e produtos da área da diálise, ou dos transplantes.
Voando por cima de tudo isto, em largos círculos, toda a “indústria” privada da saúde, elaborando planos e fazendo contas, para descobrir qual destas desgraças será a mais rentável e privatizável numa próxima oportunidade.
Que comentários fazer perante uma situação destas?!
É a diferença entre ter à frente dos destinos do país gente de bem... ou um bando de canalhas.
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