Vitalino Canas reconhece chantagem a que trabalhadores temporários estão submetidos
Precári@s Inflexíveis - Ontem, Vitalino Canas, provedor do trabalho temporário, prestou declarações sobre o 4º relatório anual, referente a 2011, sobre trabalho temporário em Portugal:
"O trabalho temporário tem algumas vantagens reconhecidas, mas em situações de crise os trabalhadores temporários ficam particularmente vulneráveis, não só porque são os primeiros a ser despedidos, como também aceitam mais facilmente a perda dos seus direitos"
"(...) é [um relatório] de alerta para a situação dos direitos dos trabalhadores temporários, que correm o risco de se agravar"
“(...) estes trabalhadores estão mais expostos às necessidades do empregador que pode avançar para o despedimento se assim o entender”
Vitalino Canas, apesar de representar a unificação dos interesses dos principais patrões das Empresas de Trabalho Temporário (ver aqui e aqui) é obrigado a reconhecer a chantagem a que todos os trabalhadores temporários são submetidos. Esta figura de provedor, que supostamente deveria zelar pelos direitos dos trabalhadores temporários, admite que a precariedade reina neste sector e em nada tem contribuído para resolver esta situação, compactuando ainda com a brutal ilegalidade em que decorre uma grande fatia das práticas das ETT's - o recurso ao falso trabalho temporário.
Não podendo negar a precariedade perante a realidade dos números, Vitalino defende as ETT's pelo discurso da eficiência na criação de emprego: "o trabalho temporário pode ser uma forma de criar emprego e, numa situação de crise, pode até gerar emprego que, de outra forma, não existia". Este é o novo cavalo de batalha de quem lucra com a captura de metade dos salários dos trabalhadores temporários: afirmar que as ETT's são importantes na criação de emprego e que até são mais eficientes e vantajosas que os centros de emprego na colocação dos trabalhadores. E porque isto está tudo ligado, em Fevereiro passado o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas aprovou um conjunto de medidas que prevêem a transferência de verbas do IEFP para as Empresas Empresas de Trabalho Temporário (vê aqui).
De acordo com o Diário de Notícias, o referido relatório informa que em 2011 existiam"87 mil trabalhadores temporários a 'full time', com horário completo, num universo de 289 mil trabalhadores colocados", dos quais a grande maioria são "jovens de 30 anos". Estes números não correspondem à realidade descrita por Marcelino Pena Costa, representante da APESPE, uma associação de ETT's, que anunciava em Fevereiro de 2011 a existência de 400 mil trabalhadores temporários, mais 100 mil do que refere agora Vitalino Canas.
Os Precários Inflexíveis não têm dúvidas, as Empresas de Trabalho Temporário são uma ferramenta de chantagem e retirada de direitos aos trabalhadores, ao mesmo tempo que promovem a precariedade. Se a Lei Contra a Precariedade já estivesse em vigor, centenas de milhar de trabalhadores temporários poderiam exigir mais facilmente contratos de trabalho com os seus verdadeiros empregadores, as empresas utilizadoras.
Nos próximos dias divulgaremos mais informação sobre a realidade concreta do negócio do trabalho temporário.
Foto: PI
Fonte: Diário Liberdade
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