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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PORQUE FAREI GREVE


Toni Almeida
Assunto: Fwd: Porque farei greve:

Porque farei greve:

Comecemos pelo princípio: perante a maior ofensiva da história da
democracia portuguesa não apenas contra os direitos económicos,
laborais e sociais dos trabalhadores e suas famílias mas também contra o próprio sistema democrático, a CGTP reunida em Conselho Nacional decidiu convocar uma greve geral para o próximo dia 22 de Março.

Creio que a decisão era inevitável.

Desde 24 de Novembro, e não obstante a vitória parcial obtida com a questão da meia-hora gratuita diária, a situação apenas se degradou, em todos os aspectos relacionados com as condições de vida das pessoas comuns.

O governo, que adoptou como lema a máxima "custe o que custar", destrói acelerada e empenhadamente os últimos vestígios de Abril, restando uma Constituição que parece letra morta perante a inacção de um Presidente da República que a jurou defender, cumprir e fazer cumprir, mas que nunca a deve ter lido; e perante um Tribunal Constitucional que é nomeado pela 'troika' nacional, estando no fundamental alinhado com o desprezo que esta vota à lei principal do Estado.

A greve surge pois como a consequência natural, inevitável, do quadro político e social emergente.

Eu não apenas concordo com a greve como a ela vou aderir. E não pensem que se trata de uma adesão divertida, de ânimo leve. Lá em casa o mês de Abril, que aliás é o mês previsto para o nascimento do nosso segundo filho, ficará mais cumprido, perante um rendimento de Março mais curto, reduzido de dois dias de vencimento e dois dias de subsídios de alimentação: o meu e o da minha companheira. Fazer greve significa perder dias de vencimento, num contexto de brutal diminuição dos salários (já deram pelo aumento da retenção relativa ao IRS?) e de aumento generalizado do custo de vida.

Acontece porém que no quadro presente é um esforço que temos de fazer, sob pena de contribuirmos para que esta gente, este governo dos monopólios, ao serviço da plutocracia nacional, continue a destruir o país, o seu presente e sobretudo o futuro da gerações dos meus (dos nossos) filhos.

A greve foi convocada pela CGTP. Mas não é uma greve da CGTP, é geral.
Destina-se a todos, sindicalizados e não sindicalizados; apela à união na base, ou seja, nos locais de trabalho; convida à solidariedade entre trabalhadores.

Fazer greve, num contexto destes, é um acto de profunda dignidade e coragem. E para ser absolutamente franco creio ser uma das únicas armas imediatas - por ventura a mais violenta, no quadro da lei - de efectiva pressão sobre os decisores políticos no sentido de os fazer recuar na aprovação de leis socialmente criminosas, que caridadezinha alguma poderá alguma vez compensar. É por isso que a greve se realiza antes e não depois de tomadas as decisões na Assembleia da República.

Não ignoro (bem pelo contrário, porque também os sinto...) os efeitos da greve no orçamento familiar dos trabalhadores. A greve é luta, não é festa. E a luta custa, muito. Todavia, não lutar custará mais, se não imediatamente (e neste caso até é imediatamente), pelo menos a prazo.

Os argumentos anti-greve, quase sempre acompanhados de hipócritas declarações de princípio a favor do direito teórico e formal à greve (sendo certo que estes que as proferem depois NUNCA estão em caso algum a favor de uma única greve no concreto), já começam a aparecer, sendo que o mais frequente é a ideia de que "nas condições actuais o país precisa de trabalho e não de greves".

Eu, que trabalho todo o santo dia útil e não raras vezes durante o
fim-de-semana, que já acumulei empregos para fazer frente às despesas crescentes, respondo que o país precisa de trabalho, sim, mas que se assim é - e é - cabe ao governo promover uma política diferente, que promova o emprego em vez do desemprego massivo, recorde.

Respondo igualmente que, para além de trabalho, o que o país precisa é de uma política diferente, patriótica e de esquerda. Patriótica, promotora das capacidades nacionais e da soberania do país, instrumento fundamental para o desenvolvimento de Portugal. De esquerda, que centre as prioridades do desenvolvimento na produção nacional, no emprego com direitos, condignamente remunerado, que promova uma justa e equilibrada repartição da riqueza.

É por tudo isto que a greve é justa e vem no momento certo.

Eu farei greve
.




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