Olá, Zeca!
Na passagem destes vinte e cinco anos, quero dizer-te (entre tantas coisas que não é preciso dizer) que sempre conseguiste deixar-me arrepiado com a interpretação desta tua música que hoje aqui lembro. A demolidora garra e concentração com que te empenhaste em transformar a tua interpretação deste poema de Jorge de Sena... numa espada. Brilhante. Necessária. Com o som que produzem só algumas (muito raras) espadas.
É uma interpretação inultrapassável, servida genialmente pela desconcertante simplicidade do acompanhamento da viola do Bóris. Canto-a muitas vezes ao vivo, acompanhando-me à viola, sozinho. Porque é importante que se ouça... e também para provar exactamente o que acabo de dizer sobre a tua "versão".
Fazes-me falta, amigo! Para tudo... e para renovar o reportório de apresentações em frases curtas, entre cantigas... que fazias tão bem. Até o humor meio surreal com que temperavas esses intervalos me dá ainda combustível para o caminho.
Vemo-nos um destes dias... mas dá-me mais vinte e cinco anos, para além destes que já passaram, pois tu é que partiste cedo demais, meu sacana!
"Epígrafe para a arte de furtar" - José Afonso
(Jorge de Sena/José Afonso)
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