Sindicato considera que objetivos da greve foram cumpridos
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A greve regional da hotelaria foi «sentida um pouco por toda a região». A paralisação convocada pelo Sindicato da Hotelaria do Algarve, para este dia 1 de Agosto, «superou as expetativas», mas não há ainda um apuramento completo da adesão.
No final do comício que foi convocado para o Jardim da Alagoa, em Faro, e que contou com a presença de Arménio Carlos, secretário geral da CGTP, Tiago Jacinto, do Sindicato da Hotelaria do Algarve, disse aos jornalistas que «o apuramento da adesão ainda não está concluído. Sabemos que o Inatel de Albufeira paralisou completamente, com uma adesão de quase 100%, o serviço de manutenção do Golfe da Quinta do Lago teve uma adesão de mais de 50%, no Golfe Amendoeira, em Alcantarilha, houve uma adesão muito forte. Tivemos também uma boa adesão no serviço restauração dos hospitais de Faro e Portimão, na ordem dos 70%».
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Houve ainda «adesões menos expressivas, mas com impacto nos serviços», como na Restflight «que é o serviço de catering do Aeroporto, no Hotel Faro, no Hotel D. Filipa… Um pouco por toda a região se sentiu a greve», garantiu Tiago Jacinto.
De modo geral, «a adesão superou as expetativas», porque «partimos para a ação de um patamar baixo, mas tivemos muitos trabalhadores a ligar para o sindicato a pedir informações. Acho que não vamos conseguir contabilizar todos os trabalhadores que fizeram greve, porque muitos devem ter feito de forma espontânea».
O sindicalista explicou que «o que queríamos era dar um sinal aos trabalhadores e um aviso aos patrões, que continuam a querer manter os baixos salários. Apresentámos propostas para melhorar os salários, os direitos e as condições de trabalho tanto à AHISA
como à AHETA mas as associações empresariais recusam melhorar o salário. As negociações estavam em curso, mas face à posição dos patrões, o sindicato entendeu que estava na altura de fazer este apelo aos trabalhadores para mostrarem o seu descontentamento».
Segundo Tiago Jacinto, «temos trabalhadores há 14 anos sem aumentos salariais, os ritmos de trabalho são intensos, as jornadas são longas, os horários desregulados e não podemos aceitar que as condições se continuem a agravar». Além disso, «mais de metade dos trabalhadores têm vínculos precários e isso é a antecâmara do desemprego. Se formos olhar aos dados do desemprego, verificamos que o maior número de desempregados é do turismo, numa altura que os patrões dizem que há falta de mão de obra. Não há falta de trabalhadores há é falta de salários dignos e condições».
A convocatória da greve para o dia 1 de Agosto foi «simbólica. É neste dia que muitos portugueses iniciam as suas férias e quisemos chamar a atenção para os problemas dos trabalhadores. Penso que o objetivo foi conseguido e é preciso agora que os patrões aceitem repartir com trabalhadores a riqueza que criam nas empresas».
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Arménio Carlos, secretário geral da CGTP, que veio ao Algarve para participar no protesto, também quer que os lucros do turismo cheguem aos trabalhadores. «Estamos numa região onde o turismo, a hotelaria e a restauração tê um nível de negócio elevado, com lucros significativos». No entanto, «na distribuição, a riqueza não chega aos trabalhadores».
O sindicalista quer mais respeito por uma classe que “dá a cara” pela região. «Quando falamos de um trabalhador, estamos a falar do rosto que se relaciona com os turistas. Quando saem daqui, os turistas não levam só memórias do bom tempo e das boas praias. Levam memórias da hospitalidade e do respeito dos trabalhadores portugueses. Isso tem de ser reconhecido e compensado», defendeu.
Por isso, considerou Arménio Carlos, «esta iniciativa muito importante. É um alerta às entidades patronais para verem de outra forma os trabalhadores. Se eles não forem recompensados, irão acompanhar outros que saíram para o estrangeiro. Se queremos hotelaria com mais qualidade e mais profissionalismo, temos de reconhecer o trabalho dos profissionais e dar melhores salários e condições de trabalho», concluiu.
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