AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Os «especialistas»


Na sequência da entrevista do primeiro-ministro à TVI, no início da semana, o Dinheiro Vivo foi ouvir «especialistas». Isto é, foi ouvir os especialistas que ouviu, tendo estes alertado o Governo, entre outros aspetos, «para as consequências de uma nova crise económica» e para a necessidade de «descida de impostos».

Um dos especialistas, João Duque (economista) considerou não ser correto «atribuir o sucesso de alguns indicadores económicos às políticas encetadas pelo Governo», que se limitou a aumentar «o consumo dos portugueses» quando «o que de facto mexeu com a economia foi o mercado externo e as exportações». Tiago Caiado Guerreiro (fiscalista), acha por sua vez que «o processo de criação de riqueza está muito penalizado em Portugal», pelo que «descer o IRS ou o IRC [seria] mais urgente neste momento». Na mesma linha, Jaime Esteves (tax partner da PWC), considera que «nesta fase deveria priorizar-se um alívio da tributação mais das empresas e menos das famílias», sustentando ser necessário voltar a falar da descida do IRC e «alargar o incentivo ao investimento por parte das empresas», repondo «o incentivo à criação de postos de trabalho».

Convocam-se portanto três especialistas para uma só narrativa, para uma linha única de análise, como se não houvesse outras disponíveis. E de repente sentimo-nos a recuar no tempo, para o outubro de há oito anos, como se nada se tivesse passado e pouco, muito pouco, se tivesse aprendido. Mudam algumas caras, é certo, mas a conversa é no essencial a mesma, num défice de pluralismo e de contraditório que, com honrosas exceções, conseguiu persistir.

AdendaSeria bom, no sentido do rigor e da transparência, que jornais e televisões começassem a apresentar Tiago Caiado Guerreiro não só como fiscalista (até porque, tal como os economistas, fiscalistas há muitos), mas também como membro da direção da Associação Portuguesa de Proprietários, recentemente criada para legitimamente «representar, e defender, o interesse dos proprietários de imóveis».


Sem comentários: