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«Há milhares de pessoas que vos estão a ver. Vocês fizeram a diferença e estão lá presentes, como pessoas concretas de carne e osso. Tornaram a exposição mais rica». Foi assim que António Carvalho, diretor do Museu Nacional de Arqueologia, se dirigiu aos doadores e guardiões do Património de Loulé na homenagem que lhes foi prestada este sábado, 29 de Setembro.
A cerimónia emotiva serviu para homenagear estes «louletanos excecionais», como os apelidou Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé.
À homenagem só foram 13, mas são mais de 40 as pessoas que ou doaram peças arqueológicas ao Museu Municipal de Loulé ou permitiram, por exemplo, que trabalhos arqueológicos fossem feitos nos seus terrenos. Por isso, são doadores e guardiões do património do maior concelho algarvio.
Quem quiser ver algumas dessas peças pode ir à premiada exposição “LOULÉ. Territórios. Memórias. Identidades”, patente no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Lá, além dos achados, está um módulo, precisamente chamado “Identidades”, onde vão sendo mostradas as fotos destes louletanos, o que, para o diretor do principal museu de arqueologia de Portugal, é essencial.
«As pessoas olham e percebem que há ali um lado humano, palpável. Em muitas exposições de arqueologia, o público não sabe quem recolheu a peça: se foram curiosos, se arqueólogos. Perdeu-se a biografia do objeto, mas na nossa exposição não. As pessoas estão presentes, de forma concreta, e fazem a diferença», disse António Carvalho.
Esse módulo “Identidades”, revelou o diretor do Museu Nacional de Arqueologia, nem estava previsto no início. A sua existência deve-se a duas pessoas: Dália Paulo, diretora municipal da Câmara de Loulé, e Pedro Barros, arqueólogo e autor das fotografias.
«Sem esta dimensão, a exposição teria ficado mais pobre, mais previsível e a nossa é absolutamente imprevisível», reconheceu António Carvalho.
E qual foi o contributo concreto destes guardiões e doadores? Houve quem tivesse descoberto fragmentos de ânforas, outros encontraram estelas da Escrita do Sudoeste, por exemplo. Já o quarteirense João Carlos Santos, um dos homenageados, revelou ao Sul Informação que, na zona da praia de Loulé Velho, descobriu um objeto em bronze da época romana que, prontamente, doou ao museu do seu concelho.
Para Vítor Aleixo, o sucesso da exposição patente em Lisboa «também se deve» a estes guardiões e doadores.
«Com a sua generosidade, ajudaram-nos a preservar e a legar, às gerações futuras, o nosso património cultural. Às vezes, as pessoas, na sua simplicidade, não têm noção da importância daquilo que fizeram, mas essa é a uma atitude extraordinária», referiu.
Por isso, para o autarca, esta foi uma «homenagem muita justa», porque todos os guardiões e doadores «prestaram um grande serviço à comunidade».
Falando da exposição “LOULÉ. Territórios. Memórias. Identidades”, Aleixo considerou ser a «maior realização» desde que é presidente da Câmara, porque está a deixar uma «marca identitária nas pessoas de Loulé».
Esta exposição, disse, por sua vez, António Carvalho, é uma espécie de «Portugal arqueológico em miniatura». Percorrendo 7 mil anos de história do concelho, dá a conhecer segredos de locais como o centro histórico de Loulé, o Cerro da Vila, em Vilamoura, o Castelo de Salir ou a enigmática escrita do Sudoeste.
A mostra, patente no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, já foi vista por mais de 230 mil pessoas, números que receberam elogios de António Carvalho.
«A exposição é um momento único e sublime que não se volta a repetir. Tivemos condições únicas e uma equipa fantástica», disse, com orgulho.
O sucesso desta exposição é tal que, numa altura em que baixaram as visitas ao Mosteiro dos Jerónimos, as entradas no Museu Nacional de Arqueologia, que é autónomo apesar de se situar na ala ocidental dos Jerónimos, aumentaram 14,1%, segundos dados revelados pelo seu diretor.
São números que se devem também ao sucesso de uma exposição que fala sobre o património de Loulé, «um recurso dinâmico» que «tem de ser bem tratado» porque «valoriza o território», considerou Vítor Aleixo.
Foi o que fizeram, ao longo de décadas, estes mais de quarenta louletanos que, como reconhecimento, receberam uma pequena lembrança, em barro e madeira, com uma quadra tão adequada de António Aleixo:
O mundo só pode ser melhor
Melhor do que até aqui
Quando consigas fazer
Mais p’los outros que por ti
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação
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