Há sete anos que não havia um 1º semestre tão fraco nas vendas ao exterior.
Exportações para a Europa perdem gás mas ainda crescem 3,5%.
As exportações nacionais de mercadorias estão a evoluir ao ritmo mais fraco dos últimos sete anos.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o valor exportado caiu 1,8% no primeiro semestre; as vendas para a Europa estão a abrandar, mas ainda cresceram 3,5%; o valor faturado fora da União Europeia colapsou 16%.
De acordo com o histórico do INE, é preciso recuar a 2009, o ano da grande crise económica mundial, para encontrar um pior desempenho do sector exportador. No primeiro semestre desse ano, registou-se uma queda de 25%. Há um ano, na primeira metade de 2015, as vendas ao exterior estavam a subir 4,4%.
Desde então que o declínio se tem vindo a consolidar, colocando agora em xeque as metas de crescimento da economia para este ano (1,8%, diz o governo, que conta com uma subida real de 4,3% nas exportações totais).
O abrandamento económico mundial, liderado pelos países emergentes e dependentes de petróleo, não afeta só as exportações.
A desvalorização do crude, por exemplo, influencia o valor das importações portuguesas. Estas recuaram 1,8%, com as compras feitas fora da UE a descerem 9%.
Défice comercial ligeiramente maior
No entanto, como as exportações totais de Portugal caíram mais do que as importações, o défice comercial do país (só mercadorias) acabou por se agravar ainda mais, mostram os dados oficiais. Passou de 4989,7 milhões no primeiro semestre de 2015 para 5016 milhões de euros em igual período deste ano, contribuindo assim para deteriorar as contas externas do país.
Além das mercadorias, Portugal exporta serviços (cerca de um terço do total), como por exemplo turismo, hotelaria e passagens aéreas. Os dados completos para o primeiro semestre ainda serão publicados pelo Banco de Portugal, mas sabe-se que até maio o cenário era algo desolador.
O crescimento nominal homólogo das exportações de serviços aumentou apenas 0,6% nos primeiros cinco meses do ano (variação homóloga também).
Mas de volta às mercadorias. Segundo o INE, “no 1º semestre de 2016, as exportações diminuíram 1,8% face ao 1º semestre de 2015, principalmente devido à redução das exportações para Angola (-44,5%) e China (-36,4%). Excluindo as transações para estes dois parceiros as exportações registaram um aumento de 0,8%”.
Nas importações “evidencia-se claramente, em junho de 2016, o decréscimo de Angola (-55,6%) face ao mesmo mês de 2015 e, em contrapartida, o aumento das importações da Alemanha (11,2%) e dos Estados Unidos (62,2%)”. Assim, “as importações diminuíram 1,4% no 1º semestre de 2016 em relação ao período homólogo de 2015. Para esta evolução contribuiu sobretudo a redução das importações originárias de Angola (-49,6%). As importações excluindo as transações para este país diminuíram 0,3%”, diz o INE.
A queda do petróleo
Nas exportações, os produtos mais afetados pela crise comercial global foram os “minerais”, onde figuram petróleo e combustíveis. Aqui a quebra chegou a uns impressionantes 32% no primeiro semestre. Nas grandes indústrias nacionais, as menções honrosas vão para a indústria dos têxteis (mais 5%), as peles e os couros (7%), para a produção vegetal (115) e para os metais e pedras preciosos e semipreciosos (15%). Nas importações, sem surpresa, Portugal comprou menos 37% de produtos minerais e menos 8% de metais comuns. Calçado e material de transporte (carros) continuam a ter dos melhores desempenhos: aumentos de 17% e 18%, respetivamente.
https://www.dinheirovivo.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário