No dia 8 de Agosto de 1588, diante do porto de Gravelines (norte da França, no Canal da Mancha), o fogo e os canhões dispersam a frota espanhola que se destinava a conquistar a Inglaterra.
Isabel I, filha de Ana Bolena e fruto do segundo casamento de Henrique VIII, tinha sucedido em 1558 à sua meia-irmã Maria Tudor, nascida do primeiro casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão e casada por procuração com o rei da Espanha, o muito católico Filipe II.
Isabel era protestante. Os católicos ingleses e os do continente consideravam-na bastarda e herética. Para eles, a herdeira legítima do trono deveria ser Maria Stuart, a mal-afortunada e abatida rainha da Escócia, prisioneira de Isabel.
Conspirações realizadas com o objectivo de afastar Isabel do poder para substituí-la por Maria foram trazidas à luz pela polícia secreta de Sir Francis Walsingham, comprometendo, sem margem de dúvida, a rainha da Escócia. A sua execução em 1587 levou o rei espanhol Filipe II a pôr em marcha o que ele chamou de "Operação Inglaterra".
À querela religiosa somou-se a rivalidade entre a Espanha, potência já em decadência, e a Inglaterra, potência em ascensão.
Com o correr dos anos, o desenvolvimento do poderio naval inglês bateu de frente com os interesses espanhóis. Na Flandres, onde Filipe II tentava reprimir violentamente as incessantes revoltas dos holandeses, Isabel apoiava os insurgentes.
A Armada espanhola era um formidável conjunto de navios. No total, 130 barcos a compunham. Transportava cerca de 30 mil homens dos quais 19 mil soldados mais 300 cavalos e mulas, o equipamento necessário para sitiar cidades, um hospital de campanha, etc. O seu objectivo era de operar um desembarque na Inglaterra e marchar sobre Londres.
Esta força, sob o comando do duque de Medina Sidónia, deveria juntar-se àquela do duque de Parma, localizada na Flandres e composta por cerca de 18 mil homens aguerridos. Uma vez concluída a junção, a Armada deveria escoltar as chatas de Parma para a travessia do Canal da Mancha.
Para fazer face à ameaça, a Inglaterra dispunha de uma frota composta de navios da rainha e de navios mercantes fornecidos pelos oficiais da marinha real, pela cidade de Londres ou por simples voluntários, perfazendo um total de 197 navios e 15.835 homens.
Ao longo da noite de 7 para 8 de Agosto de 1588, enquanto a Armada ancorava os seus navios no Canal da Mancha, os ingleses a atacam com barcos carregados de explosivos e de materiais incendiários infiltrados entre as naves inimigas.
Esta manobra inesperada semeia o terror e um indescritível caos. A fim de escapar às chamas, os capitães ordenam cortar as amarras atando-as às âncoras. A frota espanhola fica dispersa no meio da escuridão. Ao alvorecer, o duque de Medina Sidónia empenha-se em reagrupar os seus navios.
É então que tem início, ao largo de Gravelines, o confronto final com os ingleses. Os espanhóis recebem o fogo do inimigo sem poder responder eficazmente. E para cúmulo da desventura, um forte vento sul empurra os navios em dispersão na direcção norte.
Na impossibilidade de reagrupar os 112 navios que lhe restava, sem notícia dos eventuais preparativos da parte do duque de Parma e das suas chatas de desembarque, Medina Sidónia resigna-se a retornar a Espanha pela única rota possível em vista das circunstâncias e os ventos: contornar a Escócia e a Irlanda e fazer velas em direcção a Espanha.
Desafortunadamente, o mar não foi nem um pouco clemente e muitos navios desapareceram na costa da Irlanda. Tripulantes sobreviventes foram massacrados pelos insulares. Apenas um punhado deles chegaram a rever a terra espanhola.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
A Amada espanhola e as embarcações inglesas em Agosto de 1588, pintor desconhecido
Filipe II de Espanha - Pintor desconhecido
Isabel I de Inglaterra - Obra atribuída a George Gower
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