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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Avenida dos Aliados nasceu há 100 anos


A demolição da primeira pedra com vista à construção da avenida dos Aliados, no Porto, aconteceu há 100 anos, numa zona onde existiam "vielas e lavadouros" e duas ruas principais "muito movimentadas", recorda o historiador Germano Silva.
 


Era naquela zona que se concentravam as sedes dos bancos, de associações políticas e dos jornais do Porto, pelo que a nova avenida se transformou na "sala de visitas da cidade", ao abrir espaço para famílias inteiras ali se concentrarem, a passear ou a ouvir os relatos do F. C. Porto que os periódicos transmitiam quando os azuis e brancos jogavam em Lisboa, observou Germano Silva, em declarações à Lusa.

Muitas das instituições acabaram por abandonar os imponentes edifícios de granito que constituíram "a grande novidade" da avenida, cujo projeto de construção arrancou a 01 de fevereiro de 1916, mas os Aliados nunca deixaram de ser "o lugar de todas as manifestações e festas", devido à localização "muito central" e à proximidade da Câmara, "símbolo do poder da cidade", acrescentou o especialista em história do Porto.
"Onde hoje está a avenida dos Aliados, havia um conjunto de ruas curtas e vielas a que chamavam "os lavadouros". Para além disso, tinha duas ruas principais muito movimentadas, paralelas, entre a esquina de Sampaio Bruno e o largo da Trindade: a rua de D. Pedro e a do Laranjal. Sensivelmente onde está a estátua da Menina Nua [A Juventude, do escultor Henrique Moreira, instalada nos Aliados desde 1929] estava um hotel", descreve Germano Silva.

A cerimónia do lançamento da obra, a 01 de fevereiro de 1916, contou com a presença do então Presidente da República, Bernardino Machado, e consistiu na desmontagem da "primeira pedra" do palacete barroco da Praça da Liberdade, onde, desde 1816 e até então, esteve instalada a Câmara do Porto.

Foi precisamente nesse dia que, de acordo com a página da Internet da autarquia, foi aprovado em reunião camarária o projeto de construção do atual edifício dos Paços do Concelho na praça General Humberto Delgado, logo acima dos Aliados, como parte do plano de expansão do centro cívico da cidade elaborado pelo arquiteto inglês Barry Parker.

A formação do centro cívico do Porto vai ser o tema da sessão de entrada livre que, na segunda-feira, às 19:00, serve para a autarquia assinalar, juntamente com a Fundação Marques da Silva, o centenário do lançamento da obra dos Aliados, com intervenções de Domingos Tavares e Gaspar Martins Pereira e leituras por José Eduardo Silva.
De acordo com Germano Silva, os Aliados fizeram "desaparecer uma zona típica mas já sem grande interesse para a cidade", pelo que "a demolição não causou grandes problemas".

A cidade agradeceu a ideia, atribuindo à rua que liga a Praça Filipa de Lencastre à avenida o nome de Elísio de Melo, "o vereador da Câmara do Porto que teve a iniciativa da construção dos Aliados".
"A cidade reconheceu que a avenida veio dar uma nova vida à cidade, numa altura em que o centro de negócios do Porto se muda do largo de S. Domingos mais para cima, devido à construção da estação de S. Bento", refere o historiador.
A praça da Liberdade, situada ao fundo dos Aliados, era então "um quadrado fechado".
Quanto à construção dos Aliados quase como hoje a conhecemos, "demorou muito tempo".
"Foi sendo feita. O edifício Axa, construído nos anos 50, foi o último. Antes disso, aquele local era o campo de basquetebol do F. C. Porto", assegurou.

A grande avenida de placas de granito, da autoria dos arquitetos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura, só foi mostrada à cidade em meados de 2006, após ter sido posto em prática um contestado projeto de renovação lançado à boleia da construção do Metro do Porto.

Antes, os Aliados eram uma avenida com uma placa central em calçada portuguesa, ajardinada e florida
.

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