A Construção levou 11 anos; o enorme lago acabou com o ciclo inundação-estiagem na região do Nilo e provocou controvertido impacto ambiental
Após 11 anos de construção, a grande represa de Assuã através do rio Nilo no Egito foi concluída em 21 de julho de 1970. Mais de 3 mil metros até sua crista, a enorme represa acabou com o ciclo inundação-estiagem na região do rio Nilo e permitiu a exploração de uma energia renovável. Contudo, provocou controvertido impacto ambiental.
Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa com um terço
dos recursos financeiros necessários
Uma represa havia sido construída em 1902 em Assuã, distante 800 quilômetros ao sul do Cairo. A primeira represa de Assuã proporcionava uma razoável irrigação de terras durante a estiagem, porém não conseguia conter a impressionante cheia anual do caudaloso rio Nilo.
Nos anos 1950, o líder egípcio Gamal Abdel Nasser previu construir uma nova barragem através do rio Nilo, suficientemente grande para terminar com as inundações e ao mesmo tempo prover de energia elétrica todos os rincões do Egito. Conseguiu garantir o suporte financeiro dos Estados Unidos e da Grã Bretanha. Porém, em julho de 1956, tanto Washington quanto Londres cancelaram a oferta ao tomarem conhecimento de um acordo secreto de fornecimento de armas entre Egito e União Soviética.
Em resposta, Nasser nacionalizou o Canal de Suez, propriedade conjunta da França e Grã Bretanha, com a intenção de financiar o projeto da Grande Represa com os impostos cobrados na utilização do Canal. Esse ato precipitou a chamada Crise do Canal de Suez, na qual Israel, Grã Bretanha e França uniram-se para um a operação militar. O Canal de Suez foi ocupado pelas tropas desses países, todavia A União Soviética e os próprios Estados Unidos forçaram Israel, França e Grã Bretanha a recuar, deixando o canal inteiramente em mãos egípcias em 1957.
Os empréstimos soviéticos e os ingressos do uso do Canal de Suez permitiram a Nasser começar a construção da Grande Represa de Assuã em 1960. Cerca de 60 milhões de metros cúbicos de concreto foram empregados para erguer a comporta, massa 16 vezes maior que a Grande Pirâmide de Giza. Em 21 de julho de 1970, o ambicioso projeto foi concluído. O presidente Nasser morreu de ataque cardíaco em setembro de 1960, antes que a usina hidrelétrica entrasse efetivamente em operação em 1971.
Impacto ambiental
O gigantesco reservatório criado pela represa – 500 quilômetros de comprimento e 16 quilômetros de largura – foi chamado de Lago Nasser em sua homenagem. A formação do Lago Nasser exigiu o reassentamento de 90 mil camponeses egípcios e núbios sudaneses nômades assim como a dispendiosa realocação do complexo do antigo templo egípcio de Abu Simpel, construído no século 13 a. C.
A Grande Represa de Assuã acabou com as devastadoras cheias do Nilo, recuperou mais de 400 mil km2 de terras desérticas para o plantio e tornou possível o cultivo em outras vastas áreas.
As 12 gigantescas turbinas de fabricação soviética passaram a produzir cerca de 10 bilhões de quilowatts/hora anualmente, propiciando um tremendo incremento à economia egípcia e introduzindo os benefícios do século 20 a muitos vilarejos. A água acumulada no Lago Nasser, vários trilhões de metros cúbicos, foi dividido entre Egito e Sudão e foi crucial durante os anos de estiagem africana nos anos de 1984 a 1988.
A despeito das enormes vantagens, a Grande Represa de Assuã produziu diversos efeitos secundários negativos. O maior deles foi o gradual decréscimo da fertilidade de terras agrícolas no delta do Nilo, que se beneficiava de milhões de toneladas de limo depositadas anualmente pelas cheias do rio.
Outro efeito negativo, agora para os seres humanos, foi a difusão da esquistossomose pelos caracóis que viviam no sistema de irrigação criado pela barragem. A redução dos nutrientes carregados pela corrente fluvial até o Mediterrâneo foi responsável pelo declínio dos cardumes de anchovas no Mediterrâneo Oriental.
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