Eles comem tudo….
"Já noutra altura aqui escrevi sobre a intenção do governo de privatizar esta empresa"
Escrevo este texto quando acabei de presenciar dois factos importantes no Entroncamento.
O primeiro, tem que ver com a inauguração do Museu Nacional Ferroviário, instituição que pode desempenhar um papel importante no turismo, na preservação da história dos caminhos de ferro em Portugal.
O segundo, tem que ver com a manifestação dos ferroviários da EMEF – Empresa de Manutenção e Equipamento Ferroviário, que tem cerca de 450 trabalhadores no Entroncamento, algumas dezenas do concelho de Torres Novas.
Ambos os acontecimentos aconteceram em simultâneo e isto porque o Secretário de Estado, Sérgio Monteiro, veio ao Entroncamento.
Já noutra altura aqui escrevi sobre a intenção do governo de privatizar esta empresa, que faz a manutenção e reparação dos comboios em Portugal: agora deixou de ser intenção, porque o decreto-lei que estabelece tal pretensão foi aprovado e publicado, tal qual também a CP Carga.
As eleições estão à porta e ainda faltam algumas privatizações e há que trabalhar de afogadilho. Nada mais interessa: se a empresa presta um bom serviço, de qualidade, se a segurança dos comboios fica em causa, se a CP, dona dos comboios, fica pendurada numa qualquer empresa que não lhe garante a disponibilidade do material circulante de passageiros e de mercadorias, como acontece agora com a EMEF.
Nada interessa, só a agenda ideológica do governo, só a caminhada teimosa e a aposta em destruir o que é público e que funciona bem, até do ponto de vista da gestão, a coisa correu bem, o balanço 2014 é positivo.
O presidente da CP, Manuel Queiró, que em tempos escreveu contra a privatização da EMEF e que também marcou presença na dita inauguração, deveria estar a pensar com os seus botões: ora ali está uma malta a fazer aquilo que eu penso, mais, a fazer aquilo que deu origem ao rolar de cabeças nas administrações da Emef e da CP.
Os trabalhadores da Emef protestaram veementemente com o secretário de Estado, durante quase três horas, desde o início dos discursos, lá longe do povo, bem guardados; até à altura do beberete e do espetáculo, as largas dezenas de convidados, burocratas, gente bem posta, estavam exaustos; os operários da Emef teimavam em dar luta, mesmo ali em frente, só com a rede pelo meio.
O caderno de encargos nada assegura aos trabalhadores, nem os postos de trabalho, nem os direitos conquistados com tanta luta e sacrifício, nem o seu acordo de empresa, que são a lei dentro da Emef.
Só mesmo a luta os pode salvar e salvar a Emef da destruição que ai vem.
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