A HIPOCRISIA DO SENHOR JUNKER
Afinal os actores de pacotilha, de que falámos no post anterior, voltaram a pôr máscaras, fazendo deslizar a tragédia para a comédia, pura e dura. O principal a afivelar a máscara da hipocrisia foi o senhor Junker, que compôs um ar de consternação (faltaram-lhe como efeito especial lágrimas de crocodilo!), com imensa pena (iria dizer:piedade) do povo grego, para criticar severamente o governo de Tsipras, que teve a ousadia de convocar um referendo para que os gregos digam se aceitam ou não as medidas propostas por Bruxelas. Teríamos assim, segundo Junker, um governo mal agradecido e traidor (palavra sua), que se recusa a prosseguir (ou pelo menos questiona politicamente) os excelentes resultados de pobreza e desgraça que a Troika e o Eurogrupo, nestes quase seis anos instalaram na Grécia. O presidente da Comissão esquece-se dessa realidade fundamental. Que problemas resolveram as instituições europeias na Grécia? Estão melhor, ou a Troika fez do país um cadáver adiado? Quantos suicídios, quanto desemprego, quanta pobreza, quantas famílias destruídas, quantas esperanças assassinadas. Era disso que Junker devia falar, mas não fala. Que honradez têm estes sujeitos, que depois dos estrondosos desastres sociais vieram pedir desculpa pelos erros, e depois querem prosseguir os crimes de destruição de todas as conquistas sociais que a Europa construiu? Eles não sabem de História, nem de política internacional. Falam, apenas, de números, como se não fosse esta uma questão política essencial da construção europeia, com um singularíssimo contexto geoestratégico.
Patético, mas no plano local, foi outro figurante secundário: Cavaco Silva. Que nódoa!
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