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domingo, 1 de fevereiro de 2015

O Indecifrável e Misterioso, Manuscrito Voynich - O homem criou os mais diversos códigos e formas de escrita desde que desenvolveu a habilidade de escrever. Hieróglifos, algarismos, criptogramas, entre muitas outras formas de registro foram criadas, contudo existe um que nunca foi compreendido: O Código Voynich.

O Indecifrável e Misterioso, Manuscrito Voynich

O homem criou os mais diversos códigos e formas de escrita desde que desenvolveu a habilidade de escrever. Hieróglifos, algarismos, criptogramas, entre muitas outras formas de registro foram criadas, contudo existe um que nunca foi compreendido: O Código Voynich.
Trata-se de um fabuloso livro escrito em um código jamais decifrado, sendo considerado o manuscrito mais misterioso de todos os tempos. Assim como o código utilizado, seu autor é desconhecido, e o mesmo pode ser dito à data de sua escrita. As últimas datações sugerem que fora escrito entre os séculos XV e XVI, com uma ênfase nos anos de 1404 a 1438.
Além das letras misteriosas o livro com aproximadamente 200 páginas é repleto de desenhos e figuras também muito misteriosas, porém algumas já foram identificadas. Dentre as figuras mais comuns tem-se alguns desenhos astrológicos e astronômicos, apontando as constelações. Além das constelações, existem também plantas e flores desconhecidas. Desde que foi descoberto há 100 anos o manuscrito passou pelas mãos de grandes criptografistas renomados, contudo nunca se chegou a qualquer conclusão ou tradução, nem mesmo de uma única palavra.
Atualmente, a busca principal está voltada para descobrir o autor do manuscrito e a época exata em que foi escrito através de análises físico-químicas dos materiais empregados, desde as tintas até o tipo de folha.
Sua história começa quando o negociante americano de antiguidades, Wilfrid Voynich, visitou Villa Mondragone, próximo a Roma, em busca de livros raros. Em Villa havia antigos manuscritos jesuítas, e dentre os baús que lhe foram permitido inspecionar estavam os documentos de um grande estudioso do século XVII, Athanasius Kircher. Em meio aos pertences do jesuíta estava um livro muito diferente e que chamou sua atenção, este seria o documento mais misterioso da história.
Voynich tentou decifrá-lo por toda sua vida, mas todos seus esforços foram em vão. Quando Wilfrid morreu o livro foi enviado para a Biblioteca de Livros e Manuscritos Raros Beinecke, na Universidade de Yale. Muitos historiadores e pesquisadores acreditam que o livro seja uma falsificação realizada por Voynich na tentativa de ganhar uma boa quantia pela raridade. Entretanto, outros desaprovam tal hipótese pelo fato de o negociante de antiguidades jamais ter vendido o livro, ou pelo menos, ter tentado vendê-lo.
Em suas quase 200 páginas encontramos diversas ilustrações e cerca de 170 mil caracteres formam o conjunto de informações mais enigmático do planeta. Nada até hoje, pode ser comparado ao manuscrito no que diz respeito à complexidade.
Além de tudo o que foi citado, alguns especialistas afirmam que o manuscrito permite aos seus estudiosos uma infinidade de interpretações o que deixa o ainda mais complexo e dissenso. A hipótese mais plausível até hoje é de que o livro trata de informações sobre botânica e ervas em geral. Contudo outras partes apontam para assuntos diferentes, dentre elas a que se refere à astronomia/astrologia, o que faria do livro não só um manual botânico, mas um manual de alquimia.
Neste sentido, seus estudiosos o dividiram em cinco partes principais:
1 – As primeiras páginas são referentes à botânica e às ervas.
2 – A segunda seção possui símbolos e desenhos voltados à astrologia e astronomia
3 – Na terceira parte temos figuras de mulheres, em geral, nuas e nadando em piscinas que cobriam até os joelhos.
4 – A quarta seção apresenta desenhos de frascos/jarros e várias das plantas da primeira parte, o que possivelmente indicam receitas de remédios ou poções.
5 – A última parte é marcada apenas por caracteres, sem qualquer ilustração e segue até as ultimas páginas do manuscrito.
Se relacionarmos tais desenhos com a mentalidade medieval, facilmente encontraríamos um sentido, já que na Idade Média era comum associar a cura de doenças ao signo das vítimas, além de sessões de banhos medicinais e fabricação de remédios a base de ervas.
Será que o livro é de autoria de um grande alquimista que temia a Inquisição e para evitar a perseguição formulou este incrível código? Ou seria um mestre da medicina que tentava confundir ou esconder suas grandiosas receitas da concorrência?
O verdadeiro motivo que levou à criação deste código talvez jamais se vá descobrir, mas já existem pistas para desvendar que foi seu possível autor. Foi o próprio Voynich quem descobriu o nome Jacobus De Tepenecz, enquanto fazia cópias fotográficas do documento. Tal nome fora riscado das folhas de pergaminho há muito tempo, mas quando se ilumina a página com luz ultravioleta é possível ver os traços da tinta apagada.
Jacobus De Tepenecz
Jacobus Horcicky (1575-1622), também popularizado pelo nome latino Sinapius, era um alquimista tcheco de origem humilde que se encarregou pela chefia da farmácia real de Praga e foi o favorito do Imperador Rodolfo II da Germânia por tê-lo curado de uma enfermidade (em 1608), tendo recebido título nobre “De Tepenecz". O imperador geralmente sofria de depressão e os extratos de ervas de Jacobus serviam para aliviar a melancolia do mesmo. Seria Jacobus o autor do Manuscrito mais emblemático do mundo?
Voltando às ilustrações das plantas, muitos especialistas acreditam que elas jamais existiram, pois elas não representam plantas reais, sendo os desenhos, muito das vezes, fora de proporções. Esse tipo de representação é muito semelhante àquela utilizada na Idade Média, onde as técnicas de pintura e desenho eram simples e muitas vezes irregulares. Isso, no entanto, não condiz ao período em que Jacobus viveu, pois no século XVII as ilustrações e pinturas seguiam um padrão diferente, mais realista e rigoroso.
Admitindo que o livro tenha pertencido realmente a Tepenecz, não se faz obrigatória sua autoria. Desta forma, o livro não teria sido escrito nos séculos XVI e XVII, e sim por outro alquimista famoso da Idade Média.
Uma hipótese aponta que o livro fora comprado por Rodolfo II que o utilizou como fonte de práticas ocultistas antes de passa-lo para as mãos de Jacobus. O imperador era um grande praticante de ocultismo e das artes mágicas, possuindo diversos livros e objetos que o auxiliavam em seus rituais. Com a morte do monarca, grande parte de suas posses pode ter sido entregue a Tepenecz que possuía créditos pendentes com ele. Foi então, que o chefe da farmácia de Praga teria adquirido o livro.
Junto com o livro foi encontrado uma carta que possuía como destinatário o jesuíta Athanasius Kircher, que já citamos anteriormente. Tal carta mencionava um outro possível autor do manuscrito: Roger Bacon (1214 – 1294).
Roger, conhecido também como Doctor Mirabilis (Doutor Milagre), foi um famoso clérigo inglês que passou grande parte da vida estudando filosofia, medicina e ciências naturais. Baseou grande parte de seus estudos no empirismo e na aplicação matemática aos fenômenos naturais.
Roger Bacon
Suas práticas científicas e a constante busca por conhecimento o colocaram contra a Igreja, que o prendeu diversas vezes sob a acusação de práticas ocultistas.
Bacon, fez grandes experimentos e descobertas no campo da Física Óptica, especialmente para os fenômenos de refração e reflexão da luz. Trabalhou também com lentes de aumento. Como o manuscrito Voynich apresenta formas que só podem ser vistas com o uso de tais lentes, muitos acreditam que Roger realmente foi o autor da obra.
Com a descoberta desse novo mundo microscópico Roger passou a temer que a Igreja descobrisse seus novos estudos e criou o tal código indecifrável. Outros discordam desse hipótese e afirmam que o documento não passa de um manuscrito fantástico, com anotações e ilustrações meramente fantasiosas, como muitas outras que eram feitas na Idade Média.
Além de tudo, o manuscrito ao ser analisado em microscópio revelou outra informações importantíssima: não há qualquer tipo erro ou correção nos caracteres, algo que seria praticamente impossível para nós humanos.
Enfim, seria o Manuscrito de Voynich uma farsa? Sob essa dúvida um grupo de pesquisadores realizou uma análise físico-química nas tintas e materiais usados na confecção do documento. E mais uma vez o manuscrito os surpreendeu: todos os pigmentos são originais e correspondem fielmente àqueles que eram usados nos séculos XV e XVI. No mais, nenhum tipo de material referente ao século XX foi encontrado para comprovar a falsificação.
Embora, os caracteres do livro terem sido analisados por diversos especialistas, nem mesmo poderosos softwares de computador foram capazes de decodificá-los, já que não apresentam qualquer ligação com a fonética ou escrita das línguas conhecidas.
Uma outra evidência sugere como autor o charlatão Edward Kelley, com quem Rodolfo II, obteve o manuscrito de Voynich. Kelley teria criado a tal língua sem qualquer padrão, sendo uma forma de escrita aleatória e sem sentido. O objetivo do livro seria enganar o imperador e arrecadar uma gorda quantia de dinheiro. Como Kelley possuía uma boa condição financeira teria comprado os caros pigmentos para deixar o livro belo e deslumbrante, de modo a facilitar sua charlatanice.
Naquela mesma carta que mencionamos, há uma frase que menciona o valor de 600 ducados, que corresponde ao preço pago pelo imperador que mantinha uma rica coleção de objetos de alquimia e magia. Tal valor corresponderia, na atualidade, a 150 mil reais.
Por fim, o último exame feito nas páginas de pergaminho do livro, foi a datação por carbono 14, para tal retiraram quatro amostras relativamente grandes e perfeitas para garantir a precisão do teste. Entretanto os resultados foram outra vez intrigantes e contrapõem todas as hipóteses levantadas anteriormente. A datação por isótopos de carbono apontou um período curto, compreendido entre os anos de 1404 a 1438.
Com esses novos dados, somente uma pista no manuscrito pode ser levada em consideração. Dentre os diversos desenhos fantásticos, apenas um é realista o suficiente para ser avaliado: uma cidade representada por suas torres e muralhas, sendo estas últimas adornadas por ameias de cauda de andorinha. Quando este desenho é inserido na data encontrada, tem-se um novo sentido para o mesmo: Norte da Itália, haja vista ser lá o berço do Renascimento e tal forma de construção era típica da arquitetura renascentista.
Castelo Di Soncino, na Itália, um exemplar com ameias no formato de rabo de andorinha
Estes códigos teriam então algum sentido? Seriam inventados aleatoriamente, sem qualquer sentido? O livro foi escrito por Jacobus? Roger Bacon? Wilfrid Voynich? Kelley? Seria uma fralde do século XVI? Nada pode ser apontado como verdade por enquanto. Porém duas questões são certas: o manuscrito permanece um mistério e todas as hipóteses criadas até então são meras interpretações espelhadas nas convicções de cada pesquisador e sua linha de pesquisa.
Autor:Áviner Reis, Taberna Do Fauno
Bibliografia:
O Misterioso Código Voynich – History Channel

tabernadofauno.blogspot.com.br

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