Tristes ruínas
O Syriza vai acumulando discretas vitórias, numa batalha tenaz. Há dias, numa dessas reuniões balofas, onde se diz estar a discutir-se o problema da Europa, assisti, repugnado e perplexo, a uma sessão de humilhações, cujos protagonistas eram a execrável Angela Merkel e o subalterno Pedro Passos Coelho. A madame caminhava, apressada e sisuda, seguida do obsequioso português, levemente curvado para não perder pitada do que a alemã lhe recomendava. Foi no dia em que Alexis Tsipras bateu de novo o pé a quem deseja impor-lhe uma coleira, em nome da "estabilidade" que toda a gente já percebeu impender para um só lado. No mesmo dia em que Passos Coelho deixou "para outra ocasião" cumprimentar o chefe do Governo grego, jubilosamente acolhido pelos outros circunstantes. Aconteça o que acontecer, o Syriza vai acumulando discretas vitórias, numa batalha tenaz e, à partida, de força desigual. Mas, perante a raiva mal dissimulada das forças que dominam a Europa, temos de nos entender quanto ao verdadeiro significado das palavras história, perseverança, honra e coragem. O cansaço com este sistema falsamente democrático começa a chegar à zona do estilhaço. Os partidos ditos tradicionais esgotaram-se no afã de alcançar uma hipotética hegemonia. A Alemanha presumiu adquirir, pela força da economia, uma supremacia que lhe tem sido negada quando usa as armas. Mas, mesmo nestas circunstâncias, só na aparência pacíficas, deixa atrás de si um rasto de miséria, desespero e morte. Com a cumplicidade de governantes como Passos, Hollande, Rajoy, e aqueles que antecederam estes. É uma vergonhosa capitulação, respaldada em ideologias e princípios notoriamente anti-humanos, que só poderão conduzir a catástrofes ainda mais extensas do que aquelas a que temos vindo a assistir. A vitória esfuziante do Syriza; o crescimento do Podemos, em Espanha; as movimentações sociais e políticas, um pouco por todo o lado, inclusive Portugal, não são fenómenos passageiros, nem epifenómenos, facilmente neutralizáveis. Como, aliás, se tem visto. Esta gente que alimenta o ‘rotativismo’, para se alimentar a si própria, não serve para coisa alguma, e não presta para nada. Como Pedro Passos Coelho, triste ruína, perderam a decência, a dignidade e, por último, a alma. Mas estes escombros não me deixam feliz.
http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/baptista_bastos/detalhe/2015_02_17_tristes_ruinas.html
O Syriza vai acumulando discretas vitórias, numa batalha tenaz. Há dias, numa dessas reuniões balofas, onde se diz estar a discutir-se o problema da Europa, assisti, repugnado e perplexo, a uma sessão de humilhações, cujos protagonistas eram a execrável Angela Merkel e o subalterno Pedro Passos Coelho. A madame caminhava, apressada e sisuda, seguida do obsequioso português, levemente curvado para não perder pitada do que a alemã lhe recomendava. Foi no dia em que Alexis Tsipras bateu de novo o pé a quem deseja impor-lhe uma coleira, em nome da "estabilidade" que toda a gente já percebeu impender para um só lado. No mesmo dia em que Passos Coelho deixou "para outra ocasião" cumprimentar o chefe do Governo grego, jubilosamente acolhido pelos outros circunstantes. Aconteça o que acontecer, o Syriza vai acumulando discretas vitórias, numa batalha tenaz e, à partida, de força desigual. Mas, perante a raiva mal dissimulada das forças que dominam a Europa, temos de nos entender quanto ao verdadeiro significado das palavras história, perseverança, honra e coragem. O cansaço com este sistema falsamente democrático começa a chegar à zona do estilhaço. Os partidos ditos tradicionais esgotaram-se no afã de alcançar uma hipotética hegemonia. A Alemanha presumiu adquirir, pela força da economia, uma supremacia que lhe tem sido negada quando usa as armas. Mas, mesmo nestas circunstâncias, só na aparência pacíficas, deixa atrás de si um rasto de miséria, desespero e morte. Com a cumplicidade de governantes como Passos, Hollande, Rajoy, e aqueles que antecederam estes. É uma vergonhosa capitulação, respaldada em ideologias e princípios notoriamente anti-humanos, que só poderão conduzir a catástrofes ainda mais extensas do que aquelas a que temos vindo a assistir. A vitória esfuziante do Syriza; o crescimento do Podemos, em Espanha; as movimentações sociais e políticas, um pouco por todo o lado, inclusive Portugal, não são fenómenos passageiros, nem epifenómenos, facilmente neutralizáveis. Como, aliás, se tem visto. Esta gente que alimenta o ‘rotativismo’, para se alimentar a si própria, não serve para coisa alguma, e não presta para nada. Como Pedro Passos Coelho, triste ruína, perderam a decência, a dignidade e, por último, a alma. Mas estes escombros não me deixam feliz.
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