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domingo, 1 de fevereiro de 2015

O HOMEM QUE ARRUINOU O PLANETA DUAS VEZES - Às vezes, os avanços tecnológicos são aplicados sem o devido conhecimento e sem medir suas conseqüências negativas a longo prazo. O inventor estadunidense Thomas Midgley tem a honra de ter arruinado severamente a atmosfera do planeta inteiro com suas descobertas em duas oportunidades.

O homem que arruinou o planeta duas vezes
Às vezes, os avanços tecnológicos são aplicados sem o devido conhecimento e sem medir suas conseqüências negativas a longo prazo. O inventor estadunidense Thomas Midgley tem a honra de ter arruinado severamente a atmosfera do planeta inteiro com suas descobertas em duas oportunidades.


O homem que arruinou o planeta duas vezesNa década de 1920, Midgley encontrava-se na busca de uma solução para os pistões dos motores de combustão interna utilizados em aviões e automóveis. Trata-se de um fenômeno destrutivo que piora à medida que se aumenta a relação de compressão dos motores, provocando seu rompimento. Como para obter maiores potências é necessário aumentar a relação de compressão, o inconveniente tornou-se crítico e muitos fabricantes de motores dedicaram ingentes esforços para resolver o problema.

Trabalhando para a General Motors, Thomas Midgley concluiu que o problema não estava no desenho dos motores senão na fórmula do combustível utilizado. Depois de provar inumeráveis produtos químicos em combinação com a gasolina de então, Midgley descobriu que acrescentando tetraetil de chumbo ao combustível, o problema desaparecia. Pouco tempo depois, uma corporação integrada pelas companhias Dupont, GM e Standard Oil dedicou-se a produzir e distribuir a grande escala um aditivo ao qual chamaram "etil" e que se incorporou de imediato aos combustíveis para veículos.

O nome "etilo" não foi escolhido ao acaso. Na denominação deixou-se de lado a menção ao chumbo porque já se sabia que se tratava de um metal altamente tóxico. Os vapores de chumbo atacam diretamente o sistema nervoso. Entre seus efeitos contam-se a cegueira, a insônia, a insuficiência renal, a perda de audição, o câncer, a paralisia e as convulsões e até alucinações seguidas de coma e a morte.

De fato, a inalação dos vapores de chumbo em elevadas concentrações teve terríveis conseqüências sobre os trabalhadores da fábrica do aditivo e provocaram a demência e a morte de numerosos empregados da fábrica. Como o etilo representava um negócio fenomenal, os diretores da corporação negaram toda relação entre o químico e os desequilíbrios mentais detectados, alegando que alguns funcionários tinham enlouquecido devido ao estresse causado pelas intensas horas de trabalho acumuladas.
O homem que arruinou o planeta duas vezesO próprio Thomas Midgley em uma conferência de imprensa tentou demonstrar que a inalação de vapores de chumbo não era nociva em absoluto. Ante os jornalistas presentes, aspirou durante vários minutos os gases de tetraetil de chumbo contidos dentro de uma garrafa. A demonstração não convenceu o público, e com muita razão; após o ato, Midgley viu-se obrigado a enclausurar-se durante meses para recuperar-se dos efeitos da inalação.

A fábrica de tetraetil de chumbo fechou pouco depois, mas a produção continuou em outras plantas, abaixo de medidas de segurança mais restritas. Os gases de escape dos veículos impulsionados por combustível com chumbo contaminaram a atmosfera do planeta durante mais de setenta anos -e seguem fazendo em muitos países- elevando ademais os níveis de chumbo no sangue de milhões de pessoas, até que há pouco tempo as petroleiras começaram a substituir o tetraetil de chumbo por compostos menos nocivos, nos combustíveis mal chamados "ecológicos".

Depois do incidente com o tetraetil de chumbo, parece que Midgley aprendeu a lição e se dedicou à pesquisa industrial de gases inertes e de escassa ou nula toxicidade. Mas acabou por fazer nova bobagem então quando causou o segundo grande desastre ambiental de sua vida, mas sem que nem ele nem seus contemporâneos o soubessem.

Os refrigeradores eram terrivelmente perigosos no início do século XX, devido que utilizavam gases altamente tóxicos que eram filtrados para o exterior. Por exemplo, uma filtração de um refrigerador num hospital de Cleveland (Ohio) provocou a morte de mais de cem pessoas em 1929. Midgley propôs-se a criar um gás que fosse estável, não inflamável, não corrosivo e que se pudesse respirar sem problemas, e finalmente conseguiu. Graças a isso obteve numerosas distinções, entre elas a de membro mor da Academia Nacional de Ciências e a presidência da Sociedade Química Americana.

O gás inventado por Thomas Midgley foi chamado freon, e aplicado de imediato em refrigeradores, aerossóis e aparelhos de ar acondicionado. O problema é que muitos anos depois descobriu-se que o freon, pertencente ao grupo dos Clorofluorcarbonetos ou CFC, era o principal destruidor da camada de ozônio do planeta. Seu uso foi proibido definitivamente depois de décadas de severos danos atmosféricos que causaram o aumento do buraco na camada de ozônio até limites alarmantes.

Aos 51 anos de idade, Thomas Midgley contraiu poliomielite, uma doença que reduziu sua mobilidade mas não deteve seu talento. Para poder incorporar-se em sua cama sem ajuda, desenhou um complexo sistema de cabos e polias que foi instalado em seu leito. Num dia, resultou estrangulado acidentalmente por um dos cabos e morreu por asfixia. Como uma última ironia do destino, Midgley terminou como vítima de um de seus próprios inventos.


 http://www.mdig.com.br/

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