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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Pobreza no Alentejo: um em cada cinco idosos diz não ter dinheiro para se alimentar


Pobreza no Alentejo: um em cada cinco idosos diz não ter dinheiro para se alimentar


Um quinto dos idosos no Alentejo afirma não ter dinheiro para se alimentar, revelaram hoje responsáveis do Observatório de Saúde, apontando o envelhecimento da população sem os cuidados adequados como um dos problemas mais graves do país.
A denúncia foi feita durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde, requerida pelo BE e pelo PS, para “esclarecimentos sobre o Relatório da Primavera 2014”.
Os coordenadores do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) Ana Escoval e Manuel Lopes apontaram a população idosa e a saúde mental como dois dos assuntos mais “graves” e a necessitar de respostas urgentes.
Sobe os idosos, Manuel Lopes revelou aos deputados da comissão que “alguns grupos de investigação estão a estudar os idosos e dizem que o que está a acontecer no Alentejo é que 20% destas pessoas afirmam que não têm dinheiro para se alimentar adequadamente”.
Outro aspeto sublinhado é que para a população com mais de 75 anos a questão da difícil autonomia e necessidade de ajuda é “muito grave”.
“Há pessoas enclausuradas em casa há muitos anos, em prédios antigos sem elevador, e sem cuidadores. Isto é um problema muito grave. Preferimos alimentar a indústria do betão do que dar a possibilidade de as pessoas se manterem em casa”, afirmou o responsável, citando duas recentes teses de doutoramento sobre esta realidade nos bairros históricos e Lisboa e do Porto.
O coordenador do OPSS salientou ainda que nos casos em que os idosos têm cuidadores, estes são frequentemente pessoas de idade idêntica, com dificuldades idênticas e em exaustão.
Relativamente ao problema da saúde mental, os responsáveis mostraram-se particularmente preocupados com a falta de recursos humanos para cuidar destes doentes e com o tempo de espera entre o aparecimento dos sintomas e o início dos tratamentos.
O tempo que medeia o início dos sintomas, a primeira consulta e o começo dos tratamentos “está acima de todas as médias europeias” e está a aumentar, disse, considerando este um dado de “enorme importância que precisa de ser considerado”.
Ana Escoval apontou ainda o facto de os hospitais serem financiados em função do número de camas, ficando sem meios para fazer o acompanhamento domiciliário, os tratamentos na comunidade.
Para ilustrar a falta de recursos humanos nesta área e a incapacidade de contratar alguém, a mesma responsável contou que num hospital do Norte foi dada ordem para encerrar o serviço de psiquiatria no mês de agosto.
O serviço só não fechou, porque os profissionais se organizaram e voluntariaram para conseguir manter a unidade em funcionamento, não acatando a ordem superior de encerramento, contou.
Para a responsável este é um dos casos que se passam nas unidades do Serviço Nacional de Saúde e que são sintomáticos do estado de exaustão em que se encontram os profissionais e para o qual as ordens dos médicos e dos enfermeiros têm vindo a alertar.
Manuel Lopes salientou que os serviços de saúde mental e de psiquiatria que o país tem são “muito maus”, frisando que “em toda a região sul não há resposta nenhuma para a área da saúde mental”. (LUSA)

www.cincotons.com

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