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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SERIAL KILLERS PORTUGUESES - OS ASSASSINOS EM SÉRIE PORTUGUESES

O horrível mundo dos assassinos em série portugueses.


O Rei Ghob.
1 – FRANCISCO LEITÃO: O REI GHOB (Torres Vedras).
Durante semanas, Portugal inteiro andou fascinado com os desvarios e maluquices deste homicida esotérico que possuía no Youtube vídeos onde mostrava seus poderes paranormais (com recurso a vídeos toscamente alterados) enquanto tecia considerações sobre o fim do mundo. As pessoas achavam piada àquele homem “excêntrico” que vivia numa casa meio acastelada e que mantinha umas amizades estranhas com alguns jovens da zona. Mais tarde, alguns destes jovens acabaram por desaparecer, transformando esta história banal num caso de polícia. Claramente o Rei Ghob é uma personagem perdida num mundo que não é o nosso. Ou talvez ele seja o produto de um mundo que também é nosso. Muito já se disse sobre este homem… de “mente brilhante” à “retardado”. Os corpos ainda não foram encontrados. O processo já vai em 20 volumes e 30 testemunhas. “Retardado”? Muito improvável. Segundo a polícia, o Rei Ghob não é considerado um assassino em série. Detalhes… detalhes…
2 – O CABO DA GNR ANTÓNIO COSTA (Santa Comba Dão).




Já o Cabo da GNR António Costa é um caso diferente. Entre 2005 e 2006, violou e matou três raparigas. No entanto, estamos diante daquele perfil clássico do homem de bem, simpático, bondoso, educado, casado, religioso e honesto – sobre o qual jamais recairiam quaisquer suspeitas. E mais: tal como em inúmeros outros casos, o ex-cabo vivia muito próximo das vítimas e até era conhecido das mesmas. Porém, por detrás deste homem magro, baixo e religioso (com fotos do Papa João Paulo II espalhadas pela casa) residia uma outra figura capaz de crimes violentos provocados por impulsos horríveis. Sua esposa era cozinheira numa escola e um dos seus dois filhos também pertencia à GNR. Este homem era alguém acima de qualquer suspeita. Foi condenado a 25 anos de prisão.
3 – O ESTRIPADOR DE LISBOA (Lisboa).



Este homicida esteve activo entre 1992 e 1993, tendo assassinado três mulheres. Mas ao contrário dos anteriores, nunca foi apanhado, tendo simplesmente desaparecido. As três vítimas, prostitutas, foram estranguladas e cortadas – tendo alguns dos seus órgãos sido removidos. Mais tarde, a polícia viria a sugerir uma ligação deste assassino à duas outras mulheres mortas em 1990. O “Estripador de Lisboa” foi comparado ao célebre Jack the Ripper e algumas polícias chegaram também a compará-lo a outros homicídios envolvendo mulheres ocorridos noutros países. O que terá impedido este assassino de continuar? Estará vivo? Estará morto? Os crimes já prescreveram. A RTP, nos anos 90, até exibiu uma série inspirada no caso que… puh-leeese!

4 – DIOGO ALVES (Lisboa).


Cá está... o próprio!

Diogo Alves dispensa apresentações. Assaltava pessoas que passavam pelo Aqueduto das Águas Livres. Depois atirava-as lá de cima(!!). As vítimas foram – dizem – às dezenas. Foi executado em 1841. Sua cabeça encontra-se conservada em formol numa jarra de vidro na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Ugh! Curiosamente, um dos primeiros filmes de ficção feitos em Portugal chama-se “Os Crimes de Diogo Alves” que data de 1911 (há precisamente cem anos).
5 – ZÉ BORREGO (Lisboa).
Este assassino em série foi impelido por Nossa Senhora a vir para Lisboa com o objectivo de acabar com o pecado – leia-se: homossexuais. Estava-se em 1960. Zé Borrego faz ao todo cinco vítimas. Sempre com o mesmo método: seduzia um homem, levava-o para uma pensão onde estrangulava a vítima, esquartejava-a e depois lançava tudo para o rio. Na prisão faz amizade com um guarda que pediu-lhe que não voltasse a matar. Zé Borrego já há algum tempo lhe havia dito que faltava matar apenas duas pessoas (dois guardas que o tinham espancado). Ao aceitar o pedido do amigo, e sendo um homem de palavra, suicidou-se em sua cela.

O sucateiro de Carqueja, Torres Vedras, não é um assassino em série. Os três homicídios que lhe são atribuídos não reúnem o conjunto de características que, de acordo com os investigadores criminais, podem servir para o catalogar como um assassino em série. Para encontrar, em Portugal, alguém que corresponda à designação, é necessário recuar até ao final da década de 1960, altura em que o comerciante Zé Borrego desceu das serranias até Lisboa para, a mando de um poder divino, matar homossexuais, esquartejar os corpos e espalhá-los junto a linhas de água, onde finalmente seriam purificados.
Zé Borrego, homem de grande compleição física, de grande fé e igualmente dotado de uma grande dose de crendice, deixou um dia as serranias da Beira Baixa e rumou a Lisboa. Agia, conforme confessou mais tarde ao agente da Judiciária responsável pelo seu caso, mandado por Nossa Senhora. A sua missão, nas ruas de Lisboa, era acabar com o pecado.
O pecado, segundo a cartilha de Zé Borrego, tinha um rosto: a homossexualidade masculina. Foi assim que se aproximou de cinco pessoas, que as seduziu e que, em quartos de pensões, acabou por as estrangular. Depois, esquartejou-as, meteu os restos dos seus corpos em sacos plásticos e espalhou-os junto à água. Apareceram restos mortais em Paço de Arcos, mas também nas margens do Trancão, em Sacavém.
Após semanas de investigações a polícia chegou a Zé Borrego, que depressa confessou e justificou os crimes.
Os dias que se seguem são passados com o suspeito a prestar declarações na Judiciária e a ir dormir à antiga Penitenciária de Lisboa. Com o decorrer dos depoimentos Zé Borrego ganha confiança com o agente responsável pelo processo. Criam uma certa empatia. O homem a quem Nossa Senhora ordenou um dia que descesse a Lisboa para acabar com a homossexualidade masculina passou a ter no polícia um amigo, que escutava as suas razões e não as reprimia a murro e pontapé. É que, na Penitenciária, os seus crimes já lhe haviam merecido algumas surras.
Zé Borrego acaba por dizer ao polícia que tem ainda de matar mais duas pessoas. Desta feita já não são homossexuais. São dois guardas prisionais que o terão espancado em diversas ocasiões. O agente da Judiciária, sempre paciente, pede-lhe um favor: que não mate mais ninguém.
A honra não é palavra vã para Zé Borrego, que aceita o pedido do polícia (para não voltar a matar), mas que impõe uma condição. Diz que para poupar a vida aos guardas prisionais tem de acabar com a sua. "Você não se mate aqui [nas instalações da Judiciária], que isso é dar-nos ainda mais trabalho", responde-lhe, meio distraído, o polícia. Zé Borrego, homem de palavra, volta nessa noite para a Penitenciária de Lisboa. Na manhã seguinte é encontrado morto na cela, pendurado pelo pescoço.
No caso do homem suspeito da morte dos três jovens, em Carqueja, não é conhecida uma obsessão como a de Zé Borrego. O que se lhe conhece da personalidade não o aponta como um assassino em série. A mesma característica não é, de resto, condizente com o que se conhece relativamente a outros homicidas portugueses que nos últimos anos têm enchidos páginas de jornais.

O "Estripador de Lisboa" matou, em 1990, cinco prostitutas. Todas eram toxicodependentes e algumas estavam infectadas com o vírus da sida. Oficialmente o assassino, que esventrava as vítimas e espalhava as vísceras pelo chão, não é conhecido. Oficiosamente sabe-se que a história destes crimes até foi contada em livro escrito pelo suspeito, o qual veio a morrer com sida. Os casos do cabo Costa, de Santa Comba Dão, que violou três jovens, matando-as e escondendo os cadáveres, bem como Vítor Jorge, que matou a tiro sete pessoas na Praia do Osso da Baleia, não reuniram características, psiocológicas e de actuação, que permitissem declará-los como assassinos em série.
6 – VITOR JORGE (Pombal)
O massacre da Praia de Osso da Baleia teve lugar em 1 de Março de 1987. Vitor Jorge matou cinco jovens (a quem tinha dado boleia) a tiro e à pancada. Depois foi para casa e matou a esposa e a filha mais velha de ambos. O crime chocou o país e o réu pediu para ser internado para o resto da sua vida. Tinha medo de voltar a matar. Foi condenado a 20 anos. Cumpriu 14. Foi libertado em 2001 e ao que parece, hoje vive em França. Ainda no dia do massacre, decidiu poupar a vida aos filhos mais novos.
Todas estas pessoas representam percursos de vida singulares que hoje, apesar de tudo, ainda permanecem apenas parcialmente compreendidos. No entanto, os dramas, terrores, medos, abusos e frustrações (ou seja lá o que for) que produzem assassinos em série têm muito a ver connosco na medida que vivemos todos a fazer mal uns aos outros. O cinema é prodigioso a compor retratos incríveis destes estados de monstruosidade. Sentados numa sala de cinema, observamos com enorme atenção estes seres quebrados. Acompanhamos as suas histórias com grande fascínio – um fascínio que talvez seja resultante do reconhecimento de que eles, afinal, somos nós depois de um ou mais dias em que tudo corre demasiado mal. No entanto, hipnotizados por um filme de terror, estamos protegidos de nós próprios.
badbehavior.wordpress.com

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