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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ALIADOS ESTRATÉGICOS - A UGT convidou o primeiro-ministro, dois ministros e dois secretários de estado para o encerramento de um seminário comemorativo do seu aniversário

Eduardo Luciano - Aliados 
estratégicos




A UGT fez anos e convidou o primeiro-ministro, dois ministros e dois secretários de estado para o encerramento de um seminário comemorativo do seu aniversário.

Nada a dizer sobre o assunto, cada um convida para os seus aniversários os amigos que entender, ou que acha conveniente, sendo uma organização de direcção partilhada pelos dois partidos que têm governado o país nos últimos 38 anos.

Foi perante o primeiro-ministro que o secretário-geral da UGT encheu o peito de ar e disse que se o governo seguisse as orientações da OCDE, sobre as relações laborais, se acabava com a concertação social.

Mas afinal o que vem sugerir a OCDE que não seja o aprofundar e acelerar do ataque aos direitos dos t,rabalhadores? Será que a UGT apenas discorda do ritmo, concordando com o sentido da política? Será por isso que de compromisso em compromisso, de acordo em acordo a sempre disponível para a concertação, a UGT vai assinando tudo o que o governo lhe coloca à frente?

Perante a conhecida atitude do “agarrem-me se não bato-lhe” há que reconhecer que o primeiro-ministro respondeu serenamente dizendo aquilo que todos sabemos classificando o interlocutor como um aliado estratégico.

Nas imagens que passaram nas televisões não se notaram sinais de desconforto por parte dos dirigentes da UGT (seria a mais completa falta de decoro). Foi, portanto, um comovente momento de sinceridade entre companheiros de viagem, entre parceiros de jogo.

Foi a descrição perfeita do símbolo da organização. A mão que, em nome dos interesses dos trabalhadores, dá a mão a quem pretende colocar as relações laborais ao nível do século XIX.

O termo aliado estratégico, usado pelo primeiro-ministro, é de um rigor a toda a prova. Desta vez ninguém pode acusar o homem da falta de transparência ou de sinceridade. Ninguém se pode sentir ludibriado e ninguém poderá dizer que não sabia qual o papel destinado a desempenhar pela UGT, a razão última da sua existência.

Sempre que a UGT empresta a sua condição de central sindical à estratégia do governo e associações patronais, temos ministros a elogiar o seu sentido de responsabilidade, a sua postura dialogante ou o seu sentido de Estado, mas nunca um governante tinha colocado a questão na sua devida dimensão. Passos Coelho fê-lo reconhecendo o importante papel da UGT na cobertura da ofensiva contra os trabalhadores.

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