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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Inquisição - A estupidez Generalizada do Cristianismo - Massacrando em Nome de Jesus!

Inquisição - A estupidez Generalizada do Cristianismo - Massacrando em Nome de Jesus!

Por Carl Sagan
paginas de 125 até 130

- “Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes” (William Shakespeare, Dramaturgo, filósofo e poeta inglês) - “Só duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas eu não estou totalmente seguro quanto ao Universo...” [Albert Einstein“Eu consigo calcular o movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas”.(Isaac Newton)


Carl Sagan - A obsessão com os demônios começou a atingir um crescendo quando, em sua famosa bula de 1484, o papa Inocêncio VIII declarou:

- “Tem chegado a nossos ouvidos que membros de ambos os sexos não evitam manter relações com anjos, íncubos e súcubos malignos, e que por meio de suas feitiçarias, palavras mágicas, amuletos e conjuros eles sufocam, extinguem e abortam os filhos das mulheres” -

Além de gerar muitas outras calamidades. Com essa bula, Inocêncio dava início à acusação, tortura e execução sistemáticas de inumeráveis “bruxas” em toda a Europa. Elas eram culpadas do que Agostinho descrevia como “o ato criminoso de bulir com o mundo invisível”. Apesar do imparcial atestada por tantas pessoas que acho desnecessário citar os seus testemunhos... O teólogo Meric Casaubon argumentava, em seu livro de 1668, Of credulity and incredulity, que as bruxas devem existir porque, afinal de contas, todo mundo acredita nelas. Diz ele  - "Qualquer coisa em que um grande número de pessoas acredita deve ser verdade"- Membros de ambos os Sexos - Está escrito na bula - mas não causou surpresa o fato de as meninas e as mulheres terem sido as principais perseguidas. Muitos protestantes influentes dos séculos seguintes, apesar de suas diferenças com a Igreja Católica, adotaram visões quase idênticas. Até humanistas como Erasmo de Roterdã e Thomas More acreditavam em bruxas - Não acreditar em bruxarias - disse John Wesley, o fundador do metodismo, é na verdade não acreditar na Bíblia.

Execuções escabrosas, as pessoas eram cerradas vivas...

William Blackstone, o famoso jurista, em seus "Commentaries on the laws of England" (1765), afirmava - "Negar a possibilidade ou, mais ainda, a existência real da bruxaria e da feitiçaria é contradizer a palavra de Deus revelada em várias passagens do Antigo e do Novo Testamento. Inocêncio elogiava nossos queridos filhos Henry Kramer e James Sprenger, que .foram nomeados, por Cartas Apostólicas, inquisidores dessas depravações heréticas. Se as abominações e enormidades em questão permanecerem impunes, as almas de multidões enfrentarão a danação eterna" - O papa indicou Kramer e Sprenger para escreverem uma análise abrangente, usando toda a armadura acadêmica do final do século XV. Com citações exaustivas da Escritura e de eruditos antigos e modernos, eles produziram o "Malleus maleficarum" [traduzindo: O Martelo das Bruxas], descrito apropriadamente como um dos livros mais terríveis da história humana. Thomas Ady, em "A candle in the dark", acusou-o de ser "doutrinas & invenções", infames mentiras e impossibilidades horríveis, servindo para esconder uma crueldade sem paralelo dos ouvidos do mundo.

O que Malleus diz mais ou menos, é que se a pessoa for acusada de bruxaria, ela é uma bruxa. A tortura é um meio infalível de demonstrar a veracidade da acusação. O réu não tem direitos. Não há oportunidade de acareação com os acusadores. Pouca atenção é dada à possibilidade de que as acusações sejam causadas por objetivos ímpios . inveja, vingança ou a ganância dos inquisidores, que rotineiramente confiscavam para seu proveito pessoal as propriedades do acusado.

Em nome de Jesus, as pessoas eram torturadas até o morte

Esse manual técnico para torturadores também inclui métodos de castigo talhados para liberar os demônios do corpo da vítima, antes que o processo a matasse. Com o Malleus na mão e o incentivo do Papa garantido, os inquisidores começaram a surgir por toda a Europa. Os processos logo se tornaram fraudulentos no item despesas. Todos os custos da investigação, julgamento e execução eram pagos pela acusada ou seus parentes. Até as diárias dos detetives particulares contratados para espioná-la, o vinho para os seus guardas, os banquetes para os seus juízes, as despesas de viagem de um mensageiro enviado para buscar um torturador mais experiente em outra cidade, e os feixes de lenha, o alcatrão e a corda do carrasco. Além disso, os membros do tribunal ganhavam uma gratificação para cada feiticeira queimada. O que sobrava das propriedades da bruxa condenada, se ainda houvesse alguma coisa, era dividido entre a Igreja e o Estado. Quando esse assassinato e roubo em massa, legal e moralmente sancionados, se tornaram institucionalizados, quando surgiu uma imensa burocracia para servi-lo, a atenção se desviou das velhas megeras pobres para os membros das classes média e alta de ambos os sexos.

Para "ganhar almas para Jesus", os fanáticos cristãos torturavam, mutilavam e matavam
Quanto mais as pessoas, sob tortura, confessavam participar de bruxarias, mais difícil ficava sustentar que toda a história não passava de fantasia. Como cada uma das .bruxas. era forçada a implicar outras, o número crescia exponencialmente. Tudo isso constituía .provas assustadoras de que o Diabo ainda está vivo, como mais tarde se afirmou na América do Norte por ocasião dos julgamentos das bruxas de Salem. Numa era crédula, o testemunho mais fantástico era levado a sério. De que dezenas de milhares de bruxas tinham se reunido para um sabá em praças públicas da França, ou de que 12 mil feiticeiras escureceram os céus ao voar para a Terra Nova. A Bíblia tinha aconselhado - "Não deves tolerar que uma bruxa viva"- Legiões de mulheres foram queimadas até a morte e as torturas mais horrendas eram rotineiramente aplicadas a todas as rés, jovens ou velhas, depois que os padres abençoavam os instrumentos de tortura. [mais sobre torturas da inquisição

O próprio Inocêncio morreu em 1492, após tentativas frustradas de mantê-lo vivo por meio de transfusões (o que resultou na morte de três meninos) e amamentação no peito de uma ama-de-leite. Foi pranteado pela amante e pelos filhos de ambos. Na Grã-Bretanha, empregavam-se perseguidores de bruxas, também chamados "alfinetadores", que recebiam um belo prêmio para cada menina ou mulher que entregavam para execução. Não eram estimulados a ser cautelosos em suas acusações. Em geral procuravam "marcas do diabo" cicatrizes, marcas de nascença ou nevos que, ao serem picadas com um alfinete, não doíam, nem sangravam. Uma simples prestidigitação dava a impressão de que o alfinete penetrava fundo na carne da bruxa. Quando não havia marcas aparentes, bastavam as "marcas invisíveis" sobre o patíbuloUm alfinetador da metade do século XVII confessou que provocara a morte de mais de 220 mulheres na Inglaterra e Escócia, ao preço de vinte xelins cada.

Centenas de milhares de mulheres absolutamente inocentes foram terrivelmente torturadas e mortas, tudo por que os cristãos queriam "salvar" as almas delas...

Havia fortes elementos eróticos e misóginos (como era de se esperar numa sociedade sexualmente reprimida e dominada pelos homens), em que os inquisidores eram tirados da classe de padres pretensamente celibatários. Nos julgamentos, prestava-se bastante atenção à qualidade e à quantidade de orgasmos nas supostas cópulas das rés com os demônios ou com o Diabo (embora Agostinho tivesse se mostrado seguro de que "não podemos chamar o Diabo de fornicador"), e à natureza do "membro" do Diabo (frio, em todos os relatos). As "marcas do Diabo" eram encontradas em geral "sobre os seios ou nas partes pudendas", segundo o livro escrito por Ludovico Sinistrari em 1700. Em conseqüência, raspavam-se os pêlos púbicos e as genitálias eram cuidadosamente inspecionadas por inquisidores do sexo masculino. Na imolação da jovem de vinte anos, Joana D.Arc, depois que seu vestido pegou fogo, o carrasco de Rouen apagou as chamas para que os espectadores pudessem ver "todos os segredos que podem ou devem existir numa mulher".

A crônica dos que foram consumidos pelo fogo, somente na cidade alemã de Würtzburg, e apenas no ano de 1598, apresenta estatísticas e permite que nos confrontemos com um pouco da realidade humana - O intendente do Senado, chamado Gering; a velha sra. Kanzler; a mulher gorda do alfaiate; a cozinheira do sr. Mengerdorf; um estranho; uma mulher estranha; Baunach, senador, o cidadão mais gordo de Würtzburg; o velho ferreiro da corte; uma velha; uma menina de nove ou dez anos; uma menina mais moça, sua irmãzinha; a mãe das duas meninas acima mencionadas; a filha de Liebler; a filha de Goebel, a menina mais bonita de Würtzburg; um estudante que sabia muitas línguas; dois meninos do Minster, cada um com doze anos; a filhinha de Stepper; a mulher que guardava o portão da ponte; uma velha; o filhinho do intendente do conselho da cidade; a mulher de Knertz, o açougueiro; a filhinha de colo do dr. Schultz; uma menina cega; Schwartz, cônego em Hatch, trabalhadores postais inocentes, E assim por diante... Alguns recebiam atenção "humanitária" especial - "A filhinha de Valkenberger foi executada e queimada privadamente..."

O absurdo dos absurdos, cristãos "piedosos" torturaram terrivelmente milhões de pessoas por toda a idade média, desde 1184 [com a perseguição aos Cátaros] até os idos de 1821

Houve 28 imolações públicas, cada uma com quatro a seis vítimas em média, nessa pequena cidade num único ano. Isso era um microcosmo do que estava acontecendo por toda a Europa. Ninguém sabe quantos foram mortos ao todo talvez centenas de milhares, talvez milhões. Os responsáveis pela acusação, tortura, julgamento, morte na fogueira e justificação eram "altruístas". Perguntem a eles... Eles não podiam estar errados. As confissões de bruxaria não podiam ser alucinações, por exemplo, nem tentativas desesperadas de satisfazer os inquisidores e interromper a tortura. Nesse caso, explicava o juiz de bruxas Pierre de Lancre (em seu livro de 1612, Description of the inconstancy of evil angels), a Igreja Católica estaria cometendo um grande crime ao queimar as bruxas.

Aqueles que apresentam tais hipóteses estão, portanto, atacando a igreja e por isso cometendo um pecado mortal. Puniam-se os que criticavam a morte das bruxas na fogueira e, em alguns casos, eles próprios eram queimados. Os inquisidores e os torturadores estavam fazendo a "obra de Deus". Estavam salvando almas. Estavam derrotando os demônios... A bruxaria não era certamente o único delito que merecia tortura e morte na fogueira. A heresia era um crime ainda mais sério, e tanto católicos como protestantes o puniam com crueldade. No século XVI, o erudito William Tyndale teve a temeridade de pensar em traduzir o Novo Testamento para o inglês. Mas se as pessoas pudessem ler a Bíblia em sua própria língua, e não em latim arcaico, talvez formassem opiniões religiosas próprias e independentes. Poderiam conceber sua própria comunicação privada com Deus. Era um desafio à segurança de emprego dos padres católicos romanos. Quando Tyndale tentou publicar a sua tradução, foi caçado e perseguido por toda a Europa. Acabou capturado, garroteado e depois, por boas razões, queimado na fogueira.

Estupidez generalizada, em nome da religião pessoas foram arruinadas por toda a Europa e America

Seus exemplares do Novo Testamento (que um século mais tarde se tornaram a base da refinada tradução do rei Jaime) foram então procurados de casa em casa por destacamentos armados. Cristãos defendendo piedosamente o cristianismo, ao impedir que outros cristãos conhecessem as palavras de Cristo... Esse estado de espírito, esse clima de absoluta certeza de que o conhecimento deve ser recompensado com a tortura e a morte, era pouco auspicioso para os acusados de bruxaria. Queimar bruxas é uma característica da civilização ocidental que, com exceções políticas ocasionais, tem declinado desde o século XVI. Na última execução judicial de feiticeiras na Inglaterra, uma mulher e sua filha de nove anos foram enforcadas. O seu crime era ter provocado uma tempestade quando despiram as meias... Na nossa época, bruxas e djins são uma presença constante em brincadeiras infantis, o exorcismo dos demônios ainda é praticado pela Igreja Católica Romana e outras religiões, e os adeptos de um culto ainda denunciam como feitiçaria as práticas rituais de outro. Ainda empregamos a palavra "pandemônio" (literalmente, todos os demônios). Ainda se diz que uma pessoa enlouquecida e violenta é "demoníaca". (Foi só no século XVIII que a doença mental deixou de ser em geral atribuída a causas sobrenaturais; até a insônia tinha sido considerada um castigo infligido por demônios.) Mais da metade dos norte-americanos declaram aos pesquisadores de opinião que acreditam. na existência do Diabo, e 10% tiveram contato com ele, experiência que Martinho Lutero afirmava ter regularmente.

Milhões queimados na fogueira vivos

Num "manual de guerra espiritual" de 1992, intitulado "Prepare for war", Rebecca Brown nos informa que o aborto e o sexo fora do casamento - "resultarão quase sempre em infestação demoníaca" - que a meditação, a ioga e as artes marciais - "são construídas de modo a levar os cristãos ingênuos a cultuar os demônios" - e que - "o rock não aconteceu pura e simplesmente, foi um plano arquitetado com muito cuidado por ninguém menos do que o próprio Satã" - e ainda diz: -"Às vezes as pessoas amadas ficam diabolicamente presas e cegas" - A demonologia ainda é, hoje em dia, parte de muitos credos sérios...

Padres rezavam e clamavam por "Jesus", enquanto as pessoas eram torturadas brutalmente

Notas:

(*) No território sombrio dos caçadores de gratificações e informantes pagos, a corrupção torpe é freqüentemente a regra . em todo o mundo e em toda a história humana. Tomando um exemplo quase ao acaso, em 1994, por uma quantia de dinheiro, alguns inspetores postais de Cleveland concordaram em fazer investigações secretas e desmascarar os transgressores da lei; eles então inventaram ações penais contra 32 Nos julgamentos das bruxas, evidências atenuantes ou testemunhas de defesa eram inadmissíveis. De qualquer modo, era quase impossível apresentar álibis convincentes para as bruxas acusadas: as regras de evidência tinham um caráter especial. Por exemplo, em mais de um caso o marido atestava que sua mulher estava dormindo nos braços dele no exato momento em que era acusada de estar brincando com o diabo num sabá de bruxas; mas o arcebispo explicava pacientemente que um demônio tomara o lugar da mulher. Os maridos não deviam imaginar que seus poderes de percepção podiam superar os poderes da simulação de Satã. As belas jovens eram forçosamente entregues às chamas.
Vaticano, tornando o mundo melhor...

seteantigoshepta.blogspot.pt

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