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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A Honra e Teimosia de Hiroo Onoda um Ex Oficial de Inteligência do Exército Imperial Japonês


A Honra e Teimosia de Hiroo Onoda um Ex Oficial de Inteligência do Exército Imperial Japonês
Hiroo Onoda

A Honra e Teimosia de Hiroo Onoda um Ex Oficial de Inteligência do Exército Imperial Japonês

Hiroo Onoda
Hiroo Onoda
 Estava quente naquela ensolarada manhã de 09 de março de 1974, faltava pouco para meio dia, quando dois homens chegaram à praia de Gontin, apressados e esperançosos, os homens se dirigiram a duas árvores caídas sobrepostas e aguardaram. Poucos minutos depois, emerge da selva à beira da praia, empunhando o seu rifle Arisaka Type 99 à frente, um magro e arredio senhor, dando ordens para ambos levantarem as mãos e se identificarem. As vozes rapidamente responderam: Yoshimi Taniguchi, Ex – Major do Exército Imperial Japonês e Norio Suzuki! O desconfiado senhor, apontou o seu rifle para o chão e aguardou… Em seguida, o Major Yoshimi, retirou um papel dobrado do bolso e proferiu:
- Como seu comandante em chefe, eu declaro que, aqui estão as suas novas ordens oficial!
  1. Sob ordens do comando imperial, todo o exército da 14ª região, deve cessar as atividades de combate!
  1. De acordo com as ordens do quartel general, No. A-2003, o esquadrão especial de oficiais está liberado de todas as suas obrigações militares.
  1. Todas as unidades e indivíduos sob comando do esquadrão especial, são para cessar toda atividade militar, e operações imediatamente, e se colocarem sob o comando do oficial superior mais próximo. Se nenhum oficial puder ser encontrado, o militar deve entrar em contato, prontamente, com as forças norte-americanas ou Filipinas e seguir as suas diretivas.
 – Assim acabou a segunda guerra mundial para o Ex Oficial Hiroo Onoda -
Nori Suzuki e Hiroo Onoda
Nori Suzuki e Hiroo Onoda
        A honra e dedicação ao seu país sempre foi uma primazia, da cultura Japonesa, sendo essas, remetidas à época dos antigos Samurais (a palavra samurai significa, aquele que serve) através doBushido (que significa: código do guerreiro) e caso o mesmo não cumprisse a sua missão para com sua família (clã) e sua pátria, o mesmo deveria realizar o seppuko, que era um ritual em que o desonrado deveria dividir a sua barriga em dois (esfaquear-se no abdômen), a fim de repor a sua honra. Centenas de anos se passaram, mas o respeito pela honra continuou intocado pelas gerações de Japoneses dos séculos seguintes. E não foi diferente na Segunda Guerra Mundial, com Oficial de inteligência do Exército Imperial Japonês Hiroo Onada.
        Após a cessação das hostilidades com o Japão na SGM, alguns poucos e obstinados militares Japoneses, recusaram se render, em diversas frentes, todos movidos por honra ou por simplesmente acharem que o anúncio do fim da guerra, era uma mera propaganda do inimigo para atrai-los para a captura ou morte. Muitos desses, sentindo-se desonrados pela derrota, recorreram ao “Seppuko”, outros, juntaram-se em grupos, para continuar combatendo, a esses era dado o nome de “Holdout”. Com a aproximação e reconquista dos territórios, pelo inimigo, os esquadrões de combate Japoneses se dividiam em células menores, de no máximo cinco pessoas, para continuarem lutando como resistência atrás das linhas inimigas. O “Holdout”, de Hiroo, não foi o mais longo de período de resistência pós-guerra, porém, foi o mais famoso! 
Hiroo tinha ordens específicas de jamais se render ou se suicidar, e continuar operando atrás das linhas inimigas até que recebesse ordens diretas para tal. E as mesmas, foram levadas a cabo por ele e seus homens (o Holdout que o mesmo comandava tinha mais três homens). Movidos pelo forte senso de honra e patriotismo, eles se mantiveram céticos em diversas situações, em que os aliados tentaram informar que o conflito tinha chegado ao fim. Foram jogados diversos folhetos, jornais, cópias da rendição do imperador e até cartas de familiares… mas mesmo assim, os valorosos Soldados não se entregaram. Alguns fatores, realmente contribuíram para a dúvida dos mesmos; se a guerra tivesse mesmo acabado, porque a movimentação de aviões norte-americanos sobre a ilha? (Por causa da guerra da Coréia), e porque sempre tinham buscas armadas de soldados na floresta inclusive com disparos ao menor sinal de movimento? Pequenos detalhes, que foram confundidos com dissimulações e táticas de guerra. Mesmo com o passar dos anos, a obstinação de quase todos foi inquebrantável, apenas um do grupo de Hiroo se rendeu, muitos anos depois da rendição, o que aumentou significativamente a desconfiança do grupo, por vazamentos de informações, assim, os remanescentes se aprofundaram ainda mais na selva. Eles viviam de cocos, bananas e vez ou outras se arriscavam nas fazendas para arrumar alguma carne bovina, e nessas escaramuças por alimento, mais dois do grupo do oficial foram mortos em trocas de tiros com policiais e tropas do governo local e norte-americano (que a essa altura, já tinham uma base montada por lá).
Exibição das roupas e equipamentos de Hiroo Onoda no museus aeronautico das Filipinas
        Até que em 1974 Norio Suzuki, um ex-estudante de economia da faculdade de Hoise no Japão, decidiu abandonar a faculdade e virar explorador, e percorreu diversas ilhas do pacífico a fim de encontrar o Oficial perdido Hiroo Onada, um panda e o Yeti* (nessa ordem, os “objetivos” de sua expedição, descrito pelo próprio na época ). Após extensas buscas, sozinho, Norio localizou Hiroo na ilha de Lubang nas Filipinas, e sabendo da resistência do soldado prontamente proferiu de longe, em sua língua nativa, para o mesmo não reagir ofensivamente, quando o avistou:
“Onada-san, o imperador e o povo do Japão estão muito preocupados com você”.
        O militar então ouviu o que o jovem tinha a dizer, mas, ainda assim não se convenceu, pois lhe foi dada uma ordem e pelo seu “Bushido” pessoal, a mesma só poderia ser descumprida caso ordenada pelo seu oficial superior direto! Norio então prometeu voltar, retornou ao Japão e localizou o antigo superior do soldado, na época dono de uma livraria no Japão. E ambos voltaram à ilha para ter com Hiroo e dispensa-lo do seu dever.
  Desde o fim das hostilidades do Japão na SGM, até a rendição de Hiroo Onoda, seu “Holdout”, matou 30 pessoas e feriu mais de 100, nas diversas escaramuças pra conseguir alimento, e em táticas de guerrilha contra soldados, moradores locais e infraestrutura da ilha. Após 29 anos, chegou ao fim a “guerra de Onoda”, diante das circunstâncias, o mesmo recebeu um perdão oficial do presidente das Filipinas na época, e pôde finalmente retornar pro Japão. Anos depois Hiroo se mudou para o Brasil, para o interior do Centro-Oeste aonde, ainda obstinado e disposto a mudar a sua vida, começou a criar gado, tendo se tornado um grande Produtor do animal alguns anos depois, com até 1.700 cabeças de gado em suas terras. Casou-se com uma brasileira, e foi inclusive homenageado com a medalha de ordem ao mérito de Santo Dumont pela força aérea brasileira, por sua honra e pelos serviços prestados à mesma (uma vasta área de suas terras em Mato Grosso do Sul foram cedidas para pousos, decolagens e treinamentos de helicópteros da FAB). Onoda voltou ao Japão com a família, alguns anos depois e fundou uma escola para jovens, tentando fazer os jovens aproveitarem ao máximo, a educação e a idade, que ele próprio não pôde desfrutar. Correntemente o mesmo viaja para suas terras no Brasil, e inclusive faz visitas e doações em dinheiro frequentes às escolas da ilha de Lubang, que foi seu cenário beligerante por muitos anos.
Hiroo Onoda atualmente
Hiroo Onoda 

segundaguerra.net

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