Silva Rodrigues sublinha que nunca tomaria tal iniciativa, porque não existe qualquer razão que o justifique. Acabou, assim, por ser demitido, com base num relatório da Inspecção-Geral de Finanças que desconhece e sem direito a contraditório.
Em sua defesa, o gestor apresenta os encargos dos quatro contratos “swap” assinados pela Carris. Dois deles admitem a possibilidade dos juros aumentarem, mas nenhum depende de variações cambiais ou de preços de matérias-primas.
Silva Rodrigues lembra ainda que foram assinados entre 2005 e 2007, numa altura em que era inimaginável a actual crise. Silva Rodrigues acusa o Estado de estar a exigir que se conheça o resultado do jogo antes do mesmo ser jogado.
O presidente da Carris diz ainda que estes contratos passaram por várias análises, incluindo uma auditoria da Inspecção-Geral de Finanças, sem nunca serem questionados.
Foram também sempre incluídos nos Relatórios e Contas, aprovados todos os anos pelo accionista Estado, com louvores à gestão, incluindo o último, no final de Março.
Silva Rodrigues escreve que não quer acreditar que os membros do Governo despachem com base em documentos que não conhecem.
A tudo isto acresce o facto da questão dos “swap” ter sido levantada apenas há dois meses pelo mesmo Governo que o reconduziu em Agosto na Carris e o nomeou para presidente do Metropolitano de Lisboa.
Há um mês, já depois de denunciados os contratos especulativos, foi convidado para acumular ainda a presidência da Transtejo/Soflusa. Factos que levam Silva Rodrigues a contestar esta demissão, que considera ser totalmente injusta e injustificada.
O que são os “swap”?
Os contratos de gestão de risco - os chamados "swap" - permitem que se pague uma taxa de juro fixa em vez de uma taxa variável. É algo que pode ser utilizado, por exemplo, quando quem pede dinheiro teme que a taxa de juro vá subir muito no futuro - assim, ao fixar um valor fixo, pode evitar pagar mais caso haja mesmo esse aumento.
O problema surge quando a taxa de juro variável, em vez de subir como se esperava inicialmente, acaba por descer. Desta forma, a taxa fixa que foi acordada pode estar acima do valor da taxa variável em vigor. Foi o que aconteceu com os contratos feitos durante vários anos em empresas públicas e que podem ter resultado em perdas de três mil milhões de euros.
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