A caridadezinha (2)
Segunda feira publiquei um vídeo que serve de suporte a uma acção que dá pelo nome de “Desperdício Zero”.
Tinha ouvido no rádio a canção e algumas notas sobre a iniciativa,
o numeroso numero de cantores, o autor da letra e da musica e a qualidade que reconheço à generalidade dos participantes, não me levou a ter qualquer hesitação na procura e sua publicação em post. Tive o cuidado de copiar todos os nomes e acrescentá-los para que ficassem visíveis sem ter de se ir directamente ao You Tube.
Algumas coisas que já ontem e hoje, li com espirito crítico relativo à iniciativa levaram-me a procurar conhecer melhor a iniciativa, quem a promove, quem a apoia e quem a patrocina.
Primeiro. Está subjacente que a ideia é fazer com que parte dos produtos que habitualmente vão para o lixo a nível da restauração, porque não são servidos por falta de clientela, possam ser doados dentro das condições de higiene adequadas a quem delas necessita, outra ideia é a de que produtos a atingir o prazo de validade, mas ainda em perfeitas condições de consumo, desde que imediato possam também ser entregues a quem deles carece.
Põe-se aqui a questão. Está correcto? Aparentemente dar aos “necessitados” aquilo que por outros não é consumido? Claro que não! O ideal era que não houvessem seres humanos carentes das condições mínimas de sobrevivência. Sim é por isso que quem tem o mínimo sentido de justiça deve lutar e tudo fazer para que esta miserável situação que aumenta todos os dias, tenha um fim. Mas e até lá? Há algum mal em alimentar algumas bocas esfomeadas e por muito rápido que sejam ultrapassados os problemas com que a nossa sociedade se debate quantos continuarão nesta situação?
Lembro-me da “caridadezinha” e sobre isso já algumas vezes escrevi. Mas não confundo esta e outras iniciativas com os tempos em que as senhoras anafadas e ricas davam aos pobres as “sobras” e por isso eram enaltecidas.
Quanto ao alto patrocínio da Presidência da Republica, porque não? Sabemos o quanto tem de responsabilidade o actual P.R. nesta situação, talvez tenha dado o seu patrocínio como forma de limpar a sua consciência, mas que raio, que se aceite sem complexos algo que até pode ter algo de meritório. Desgraçadamente um pouco por todo o mundo há gente com fome. Todos os dias morrem dezenas de milhares de seres humanos vítimas de subnutrição. Subsistem várias organizações em torno da desgraça alheia, os actos meritórios e desinteressados deixam-me muita dúvida. Mas perante este flagelo que a ganância do Capital financeiro tem tendência a fazer aumentar, não chega desmascarar e criticar. A par da luta para pôr termo às origens desta situação, podemos fazer mais qualquer coisa para aliviar o sofrimento dos que de nós estão mais perto.
Sou dos que luta pela dignificação do ser humano. Luto para que não haja gente a viver da caridade. Mas vejo gente carenciada e a cada dia que passa, duma forma crescente. Se posso fazer algo para diminuir esse sofrimento, faço! VER MAIS
blog folha seca
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