25 de abril
que fizemos ao sonho
liberto
na madrugada
aos sorrisos abertos
às noites
e à claridade dos dias
despertos
o que resta
da alvorada
do dia novo
nada
quase nada
apenas
uma réstea
subsiste
e
insiste
e
resiste
um quase nada
de esperança
que em nós carregamos
e damos abrigo
semente
que plantamos
em peito de amigo
esperança feita coragem
deste povo que somos
antigo
e
criança
coragem que se desassombra
que se alimenta de mágoa
e bebe da água
o poema
o instante original
aquele que nos irrompeu
vida fora
como se o nosso o ser
o nosso olhar
assim nascera
e sempre fôra
o instante
que nos vai acompanhar
ao fim do tempo
este foi
o momento
em que a um tempo
todos fomos um
e
uno foi portugal
esta é a madrugada
que eu esperava
o dia inicial
inteiro e limpo
onde emergimos da noite
e do silêncio
e livres
habitamos
a
substância do tempo
sophia de mello breyner andresen
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