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terça-feira, 24 de abril de 2012



25 de abril






que fizemos ao sonho
liberto
na madrugada

 aos sorrisos abertos

às noites
e à claridade dos dias
despertos



o que resta
da alvorada
do dia novo


nada
quase nada


 apenas
uma réstea
subsiste

e
insiste

e
resiste

um quase nada
de esperança
que em nós carregamos
e damos abrigo

semente
que plantamos
em peito de amigo

esperança feita coragem
deste povo que somos
antigo
e
  criança

coragem que se desassombra
que se alimenta de mágoa
e bebe da água
o poema
o instante original

aquele que nos irrompeu
vida fora
como se o nosso o  ser
o nosso olhar
assim nascera
e sempre fôra

o instante
que nos vai acompanhar
 ao fim do tempo

este foi
o momento
em que a um tempo
todos fomos um
e
uno foi portugal

esta é a madrugada
que eu esperava
o dia inicial
inteiro e limpo

onde emergimos da noite 
e do silêncio

e livres
habitamos 
substância do tempo

sophia de mello breyner andresen










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