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quinta-feira, 1 de março de 2012





Conceição Branco
jornalista
 Nem pão nem circo  2012 
Desde o tempo dos romanos que os políticos sabem ser necessário haver, pelo menos “pão e circo” para aplacar a malta. Sendo o exército insustentável, (o mesmo que, por mãos dos seus oficiais, garantiu o atual poder, escancarando as portas que Abril abriu), como insustentáveis são a educação, a segurança social, a justiça, a saúde, os horários de trabalho que até o Salazar aceitou, parece haver um governo que não gosta do país que tem.
Estão os cidadãos de tanga desde o tempo de Durão Barroso e Santana Lopes, houve desejos confessados de suspender a democracia, pela mão de Ferreira Leite, em triunfo anunciou-se o fim da crise, em proclamação de Manuel Pinho nos idos de 2008 .
Veio depois Cavaco Silva falar em mercados que não podem ser insultados ou beliscados, não vá ficarem nervosos e, por consequência, a situação era” insustentável”.
A receita para acalmar os caprichos dos mercados financeiros, não vá dar-lhes o faniquito? Obediência cega aos ditames de quem manda na ajuda externa, versus a recusa de Sócrates em pedir a presença do FMI.
A Pátria, pasmada e assustada, reelegeu o residente da República, o mesmo que, passado um ano de mandato, não se consegue desenrascar para as despesas do dia a dia, com duas reformas a totalizar dez mil euros.
Ficaram entretanto os portugueses a saber que são’ piegas’, na abalizada opinião de Passos Coelho e pelo meio, outras coisas se tornaram cada vez mais insustentáveis.
A educação leva ainda mais cortes, os jovens licenciados estão bem é lá fora, como emigrantes, a saúde tem de ‘poupar’ nas despesas, (depois de fecharem as maternidades e os centros de saúde no interior) a segurança social está à beira do abismo,(corta-se nos rendimentos mínimos e congelam-se as pensões) a justiça fica sem tribunais, os transportes públicos são um luxo a que é preciso por termo.
Nem a papa dos bebés escapa, que é mais saudável ficar a mãezinha em casa para dar alimentação ‘ao natural’ ao rebento, como recomendou a ministra Assunção Cristas.
Um em cada quatro portugueses é pobre, e outros dois estão à beira da pobreza, mas o que faz falta é produzirem mais, trabalharem sob a mira do banco de horas que, feitas as contas, se traduz num aumento do horário de trabalho, sem pagamento, à boa moda medieval.
Sabia-se desde a revolução industrial, que a mais-valia vinha dos rendimentos do trabalho, mas daí para a frente houve quem avisasse (economistas vencedores do Nobel e não de trazer por casa) que o cidadão é também consumidor e quando não ganha não consome e quando não consome não há mais valia que valha às empresas que ficam com os produtos produzidos empacados.
Com o desemprego, há para aí cerca de um milhão de consumidores que não têm com que pagar as despesas básicas, quanto mais ir ao centro comercial dos merceeiros dos tempos modernos, com ou sem cartões de fidelização.
O aumento dos impostos, do IVA à rapina dos subsídios de férias e de Natal e com menos deduções no IRS, além dos aumentos na água, na luz, e outros serviços, o metafórico pão dos romanos ficou muito mais caro e já está a faltar em muitas mesas.
Como se não chegasse este desvario que não se sabe até onde vai chegar, incomodados com o país que têm, os ministros da coligação acharam que aquela coisa do circo também não é precisa, porque estamos em tempo de reescrever a história.
Se passam sem pão, sem saúde, e sem habitação (a ver vamos se a paz continua, cantaria o Sérgio Godinho) também podem passar sem carnaval.
Com o descaramento de quem é incapaz de solucionar problemas e assim dissimula a sua incompetência política e ética, estes políticos não gostam do país que têm, e têm raiva aos cidadãos que lhes couberam em sorte. Mais um bocadinho, e tornam-se insustentáveis.



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