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Uma reclusa norte-americana deu à luz numa cela de isolamento, numa prisão da Florida, depois de os seus pedidos de ajuda terem sido alegadamente ignorados pelos guardas prisionais.
O caso provocou uma onda de indignação e deu origem a uma investigação interna.
Tammy Jackson, 35 anos, detida na cadeia de Broward, acordou com contrações dolorosas na madrugada do dia 10 de abril, mas os repetidos pedidos de ajuda e o constante bater na porta da cela não chegaram para que fosse assistida. Segundo um dos advogados que a representa, Gordon Weekes Jr., citado pelo "The New York Times", a reclusa acabou por passar sete horas sem medicação e sem consultar um médico. "Foi obrigada a agachar-se e apanhar o bebé", disse o causídico em entrevista.
"Os Internal Affairs [departamento que investiga suspeitas de violação da lei e de conduta profissional cometida por forças de segurança] abriram imediatamente uma investigação interna sobre o parto da reclusa Tammy Jackson", confirmou Gina Carter, porta-voz do gabinete, em comunicado.
A responsável adiantou àquele jornal norte-americano que a reclusa, acusada em janeiro por posse de cocaína, estava a aguardar julgamento numa cela de isolamento por estar grávida, recusando-se a responder a mais perguntas sobre o caso.
Numa carta enviada ao xerife do condado de Broward, a defesa de Tammy Jackson descreveu a mulher como "mentalmente doente", considerando que "é preciso ver de que forma é que essa negligência grave afetará a frágil saúde mental" da reclusa. Segundo Weeks, Tammy estava preocupada com o facto de não estar a usar o método mais apropriado para que o bebé nascesse, uma vez que, num parto anterior, tinha sido obrigada a fazer uma cesariana. E tinha medo que a força desregrada que estava a fazer pudesse rasgar a cicatriz dessa intervenção cirúrgica.
De acordo com a missiva, os guardas prisionais tentaram entrar em contacto com o médico que estava de plantão às 3.16 horas da madrugada, mas só às 7.22 é que foi possível chegar à fala com o profissional, que respondeu que atenderia Jackson quando chegasse à cadeia. Uma hora e 38 minutos depois, Jackson disse que estava a sangrar, mas continuou mantida dentro da cela. Quase sete horas depois de ter pedido ajuda pela primeira vez, o bebé nasceu. Sem mais nenhuma ajuda senão a da mãe.
As autoridades do Condado de Broward indicaram que, depois do parto, um médico e duas enfermeiras atenderam a mãe e a filha recém-nascida, que está agora a viver com um familiar.
Caso mereceu atenção nacional
Jens David Ohlin, vice-presidente e professor de Direito na Cornell Law School, considerou que os guardas não souberam lidar com a situação apropriadamente e que, face à indisponibilidade imediata do médico, deveriam ter reavaliado o caso "e, se necessário, chamado o 911 [112]". E o procurador do Ministério Público Howard Finkelstein exigiu uma revisão imediata das práticas médicas e de isolamento numa carta enviada às autoridades locais.
A senadora Kamala Harris, candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, classificou o episódio como "ultrajante" e pediu a responsabilização dos funcionários prisionais que deixaram a mulher sozinha.
Mulheres negras têm mais complicações no parto
Quando uma mulher entra em trabalho de parto, muitas coisas podem correr mal. Quando se trata de uma mulher de raça negra, como é o caso de Tammy, o cenário piora: mulheres negras morrem três a quatro vezes mais em complicações durante o parto do que mulheres brancas, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, citado pelo "The New York Times".
O caso provocou uma onda de indignação e deu origem a uma investigação interna.
Tammy Jackson, 35 anos, detida na cadeia de Broward, acordou com contrações dolorosas na madrugada do dia 10 de abril, mas os repetidos pedidos de ajuda e o constante bater na porta da cela não chegaram para que fosse assistida. Segundo um dos advogados que a representa, Gordon Weekes Jr., citado pelo "The New York Times", a reclusa acabou por passar sete horas sem medicação e sem consultar um médico. "Foi obrigada a agachar-se e apanhar o bebé", disse o causídico em entrevista.
"Os Internal Affairs [departamento que investiga suspeitas de violação da lei e de conduta profissional cometida por forças de segurança] abriram imediatamente uma investigação interna sobre o parto da reclusa Tammy Jackson", confirmou Gina Carter, porta-voz do gabinete, em comunicado.
A responsável adiantou àquele jornal norte-americano que a reclusa, acusada em janeiro por posse de cocaína, estava a aguardar julgamento numa cela de isolamento por estar grávida, recusando-se a responder a mais perguntas sobre o caso.
Numa carta enviada ao xerife do condado de Broward, a defesa de Tammy Jackson descreveu a mulher como "mentalmente doente", considerando que "é preciso ver de que forma é que essa negligência grave afetará a frágil saúde mental" da reclusa. Segundo Weeks, Tammy estava preocupada com o facto de não estar a usar o método mais apropriado para que o bebé nascesse, uma vez que, num parto anterior, tinha sido obrigada a fazer uma cesariana. E tinha medo que a força desregrada que estava a fazer pudesse rasgar a cicatriz dessa intervenção cirúrgica.
De acordo com a missiva, os guardas prisionais tentaram entrar em contacto com o médico que estava de plantão às 3.16 horas da madrugada, mas só às 7.22 é que foi possível chegar à fala com o profissional, que respondeu que atenderia Jackson quando chegasse à cadeia. Uma hora e 38 minutos depois, Jackson disse que estava a sangrar, mas continuou mantida dentro da cela. Quase sete horas depois de ter pedido ajuda pela primeira vez, o bebé nasceu. Sem mais nenhuma ajuda senão a da mãe.
As autoridades do Condado de Broward indicaram que, depois do parto, um médico e duas enfermeiras atenderam a mãe e a filha recém-nascida, que está agora a viver com um familiar.
Caso mereceu atenção nacional
Jens David Ohlin, vice-presidente e professor de Direito na Cornell Law School, considerou que os guardas não souberam lidar com a situação apropriadamente e que, face à indisponibilidade imediata do médico, deveriam ter reavaliado o caso "e, se necessário, chamado o 911 [112]". E o procurador do Ministério Público Howard Finkelstein exigiu uma revisão imediata das práticas médicas e de isolamento numa carta enviada às autoridades locais.
A senadora Kamala Harris, candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, classificou o episódio como "ultrajante" e pediu a responsabilização dos funcionários prisionais que deixaram a mulher sozinha.
Mulheres negras têm mais complicações no parto
Quando uma mulher entra em trabalho de parto, muitas coisas podem correr mal. Quando se trata de uma mulher de raça negra, como é o caso de Tammy, o cenário piora: mulheres negras morrem três a quatro vezes mais em complicações durante o parto do que mulheres brancas, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, citado pelo "The New York Times".
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