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A acreditar na sondagem, os dois maiores partidos britânicos - o conservador e o trabalhista -, que dominaram alternadamente a vida política durante todo o século passado e parte do actual, não conseguiriam, juntos, igualar a votação do novel "Partido Brexit".
A sondagem do instituto Opinium para o semanário The Observer deixou em estado de choque o público e a chamada "classe política". Não só o partido de extrema-direita liderado por Nigel Farage ficaria em primeiro lugar, com mais votos do que os dois dinossauros institucionais da política britânica, como os conservadores baixariam mesmo do primeiro para o quarto lugar entre os partidos mais votados, atrás do Partido do Brexit, dos trabalhistas e dos liberais
O rosto visível e icónico deste terramoto político é Nigel Farage, o eurodeputado eleito pelo UKIP (Partido de Independência do Reino Unido), que no entanto mudou de partido e surge agora a encabeçar a lista do Partido do Brexit. Em Julho de 2016, quando venceu a proposta de saída da União Europeia venceu em referendo, Farage insinuara a sua própria saída da vida política, dizendo que finalmente atingira o objectivo almejado durante muitos anos e considerava feita a sua parte.
A expectativa de vê-lo reaparecer parecia, além disso, ainda mais remota pelo facto de se tratar de eleições que cuja realização no Reino Unido foi duvidosa até ao último instante e só vem a concretizar-se devido aos sucessivos adiamentos de uma decisão sobre o Brexit. Nas eleições que supostamente deveriam realizar-se sem participação britânica, concorre um político que supostamente não teria interesse em sentar-se no Parlamento Europeu nem em manter qualquer participação do Reino Unido em instituições europeias.
Paradoxo dos paradoxos, é esse político que poderá recolher um número de votos invulgarmente alto, precisamente com a exigência de um "Brexit duro", sem acordo de saída. E Farage parece ser, neste momento, o nome que aglutina mais intenções de voto antieuropeístas, tendo reduzido o seu antigo partido, UKIP, a um papel mais ou menos residual.
Pelo contrário, os europeístas encontram-se dispersos em vários partidos e alguns deles - verdes, nacionalistas escoceses, liberais-democratas e o partido Change UK - a defenderem um segundo referendo que venha cancelar o Brexit. Em todo o caso, unidos não iriam segundo esta sondagem além dos 27 por cento, ou seja, 7 pontos percentuais abaixo do Partido do Brexit.
E poder-se-á contar também como europeístas aqueles que se opuseram ao Brexit no primeiro referendo, mas depois acataram o voto tangencial a favor da saída e recusam pô-lo em causa com nova consulta plebiscitária. Europeístas desses existem tanto no partido conservador como no trabalhista, todos eles limitados à perspectiva de limitação de danos que se traduziria em negociar um bom acordo de saída. Mas, como é difícil porem-se de acordo sobre o que seria um bom acordo de saída, não há acordo algum e o Partido do Brexit segue, consequentemente, de vento em popa.
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