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4 julho 1944
José Manuel Rodrigues Berardo nasce na ilha da Madeira, o sétimo e mais novo filho de uma família com parcos recursos. O pai era loteador na Madeira Wine Company, a mãe era doméstica. Aos dez anos começa a colecionar selos, cartões postais, caixas de fósforos. Aos 12 é paquete e serve chás e cafés nas reuniões do conselho de administração da empresa onde o pai trabalha.
1963
Parte para a África do Sul. Seis anos mais tarde, em Joanesburgo, casa-se com Carolina Gonçalves, sul-africana filha de pais madeirenses. Começa por vender legumes. Compra minas de ouro, aventura-se nos diamantes, aposta na banca e no petróleo, investe em negócios de mármores e granitos, nas telecomunicações, no cinema. Mais tarde, chega à presidência do Bank of Lisbon and South Africa.
1969
Compra uma litografia de “Mona Lisa” numa loja de móveis de Joanesburgo, pensando que se tratava de um original.
1979
Recebe, pelas mãos do então presidente da República Ramalho Eanes, o grau de Comendador pela Ordem do Infante D. Henrique. Pela luta contra o apartheid, pelo “self made man”, pela ajuda prestada à comunidade portuguesa na África do Sul.
12 novembro 1988
Cria a Fundação Berardo que, entre outras missões, atribui bolsas a alunos universitários madeirenses que estudem fora da ilha, dedica-se à salvaguarda de obras de arte e à defesa do ambiente.
1990
Suspeito de exportação ilegal de cicadáceas da África do Sul para a Madeira e de ter declarado um valor abaixo da compra dessas plantas. Uma comissão de inquérito indicia, nestas operações, um relacionamento próximo com o líder do apartheid e então ministro dos Negócios Estrangeiros sul-africano, Roelf “Pik” Botha.
Anos 90
Inicia negócios em Portugal. Compra títulos de comunicação social e participações nos setores turístico, imobiliário, alimentar. Funda o Banif e investe no setor dos vinhos.
2000
Compra a Quinta da Bacalhoa, em Azeitão, monumento nacional e exemplar da renascença. Ergue uma das maiores empresas de vinhos do país.
2004–2005
Distinguido com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, pela dedicação à cultura e às artes, por Jorge Sampaio, então chefe de Estado. Agraciado com a Legião de Honra, a mais alta condecoração de França. Veste sempre de preto, gosta de ver filmes de ação e de dançar.
3 abril 2006
Assina um protocolo com o Estado português para a criação do Museu e da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo. É instituído um fundo para a aquisição de obras que prevê a contribuição anual do Estado e de Joe Berardo de 500 mil euros cada um.
25 junho 2007
Abre o Museu Coleção Berardo. Nesse ano, lança a primeira Oferta Pública de Aquisição sobre o Sport Lisboa e Benfica, para comprar 85% das ações do clube da Luz. Não teve sucesso.
“As pessoas pensam que fiz um grande negócio porque não fazem ideia do que é trabalhar com dinheiros públicos”, refere ao JN, a propósito da Fundação.
No mesmo ano, luta pelo poder no Millennium BCP e reúne documentos que indiciavam crimes de manipulação de mercado por parte da administração do banco liderada por Jardim Gonçalves. No ano seguinte, o Banco de Portugal avança com acusações. Guerra aberta entre acionistas.
2007
A coleção Berardo, com 863 obras de artistas internacionais (Picasso, Andy Warhol, Giacomo Balla, entre outros), é avaliada em 316 milhões de euros pela Christie’s.
“Uns call me José Manuel, outros call me Joe, outros call me Comendador. So, call me Joe. I know who I am”,
afirma numa entrevista à jornalista Anabela Mota Ribeiro.
Aumenta a sua participação no BCP com um empréstimo de mil milhões de euros pedidos à Caixa Geral de Depósitos.
Recebe a Medalha Tiradentes do Rio de Janeiro, pela ligação à cultura, e o título de Cidadão Honorário do Estado do Rio de Janeiro.
2008
O seu nome surge associado à especulação imobiliária. O preço da Quinta da Rocha, na Ria de Alvor, terá passado de 500 mil euros para 15 milhões. Começa a falhar o pagamento de juros nos empréstimos pedidos à Caixa Geral de Depósitos.
2011
Fica de fora da lista dos dez mais ricos de Portugal quando, no ano anterior, detinha a nona fortuna nacional, com 589 milhões de euros.
“Faz parte da natureza humana contrair cada vez mais dívidas. Quando as contraímos, não somos mal-intencionados, estamos a pensar pagar”, diz numa entrevista na SIC.
2012
O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) penhora Joe Berardo em três milhões por dívidas. A holding de Berardo, a Metalgest, não tinha pago serviços financeiros prestados pelo banco espanhol em 2004.
2000-2015
Neste período, a Fundação Berardo e a Metalgest devem um total de 320 milhões à Caixa Geral de Depósitos. Grande parte do dinheiro foi usado para comprar ações do Millennium BCP.
10 de maio de 2019
“Não tenho nada, não devo nada” refere na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão e recapitalização da CGD. É um dos maiores devedores do banco público, do BCP e do Novo Banco, que lhe exigem 962 milhões de euros. Uma garagem na Madeira será o único imóvel em seu nome.
Garante que, pessoalmente, não tem dívidas, que não é dono da coleção de arte que pertence à Associação Coleção Berardo, a que preside. Ao comentário de que a Caixa está a custar “uma pipa de massa” aos contribuintes portugueses, responde: “A mim, não!”
Marcelo Rebelo de Sousa pede-lhe decoro e respeito pelas instituições. É ponderada a retirada das distinções atribuídas pelo Estado português.
O presidente da Comissão Parlamentar, Luís Leite Ramos, anuncia o envio de transcrição da audição a Berardo ao Ministério Público.
17 de maio 2019
“Não pedi nenhuma condecoração. Eu não tenho só essas, eu tenho nove (…). Não pedi nada disso, nem tive influência. Eles deram-me por serviços à comunidade. Se eles quiserem levar… olhe, é um descanso”, afirmou José Berardo, em declarações ao jornal Sol.
José Manuel Rodrigues Berardo nasce na ilha da Madeira, o sétimo e mais novo filho de uma família com parcos recursos. O pai era loteador na Madeira Wine Company, a mãe era doméstica. Aos dez anos começa a colecionar selos, cartões postais, caixas de fósforos. Aos 12 é paquete e serve chás e cafés nas reuniões do conselho de administração da empresa onde o pai trabalha.
1963
Parte para a África do Sul. Seis anos mais tarde, em Joanesburgo, casa-se com Carolina Gonçalves, sul-africana filha de pais madeirenses. Começa por vender legumes. Compra minas de ouro, aventura-se nos diamantes, aposta na banca e no petróleo, investe em negócios de mármores e granitos, nas telecomunicações, no cinema. Mais tarde, chega à presidência do Bank of Lisbon and South Africa.
1969
Compra uma litografia de “Mona Lisa” numa loja de móveis de Joanesburgo, pensando que se tratava de um original.
1979
Recebe, pelas mãos do então presidente da República Ramalho Eanes, o grau de Comendador pela Ordem do Infante D. Henrique. Pela luta contra o apartheid, pelo “self made man”, pela ajuda prestada à comunidade portuguesa na África do Sul.
12 novembro 1988
Cria a Fundação Berardo que, entre outras missões, atribui bolsas a alunos universitários madeirenses que estudem fora da ilha, dedica-se à salvaguarda de obras de arte e à defesa do ambiente.
1990
Suspeito de exportação ilegal de cicadáceas da África do Sul para a Madeira e de ter declarado um valor abaixo da compra dessas plantas. Uma comissão de inquérito indicia, nestas operações, um relacionamento próximo com o líder do apartheid e então ministro dos Negócios Estrangeiros sul-africano, Roelf “Pik” Botha.
Anos 90
Inicia negócios em Portugal. Compra títulos de comunicação social e participações nos setores turístico, imobiliário, alimentar. Funda o Banif e investe no setor dos vinhos.
2000
Compra a Quinta da Bacalhoa, em Azeitão, monumento nacional e exemplar da renascença. Ergue uma das maiores empresas de vinhos do país.
2004–2005
Distinguido com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, pela dedicação à cultura e às artes, por Jorge Sampaio, então chefe de Estado. Agraciado com a Legião de Honra, a mais alta condecoração de França. Veste sempre de preto, gosta de ver filmes de ação e de dançar.
3 abril 2006
Assina um protocolo com o Estado português para a criação do Museu e da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo. É instituído um fundo para a aquisição de obras que prevê a contribuição anual do Estado e de Joe Berardo de 500 mil euros cada um.
25 junho 2007
Abre o Museu Coleção Berardo. Nesse ano, lança a primeira Oferta Pública de Aquisição sobre o Sport Lisboa e Benfica, para comprar 85% das ações do clube da Luz. Não teve sucesso.
“As pessoas pensam que fiz um grande negócio porque não fazem ideia do que é trabalhar com dinheiros públicos”, refere ao JN, a propósito da Fundação.
No mesmo ano, luta pelo poder no Millennium BCP e reúne documentos que indiciavam crimes de manipulação de mercado por parte da administração do banco liderada por Jardim Gonçalves. No ano seguinte, o Banco de Portugal avança com acusações. Guerra aberta entre acionistas.
2007
A coleção Berardo, com 863 obras de artistas internacionais (Picasso, Andy Warhol, Giacomo Balla, entre outros), é avaliada em 316 milhões de euros pela Christie’s.
“Uns call me José Manuel, outros call me Joe, outros call me Comendador. So, call me Joe. I know who I am”,
afirma numa entrevista à jornalista Anabela Mota Ribeiro.
Aumenta a sua participação no BCP com um empréstimo de mil milhões de euros pedidos à Caixa Geral de Depósitos.
Recebe a Medalha Tiradentes do Rio de Janeiro, pela ligação à cultura, e o título de Cidadão Honorário do Estado do Rio de Janeiro.
2008
O seu nome surge associado à especulação imobiliária. O preço da Quinta da Rocha, na Ria de Alvor, terá passado de 500 mil euros para 15 milhões. Começa a falhar o pagamento de juros nos empréstimos pedidos à Caixa Geral de Depósitos.
2011
Fica de fora da lista dos dez mais ricos de Portugal quando, no ano anterior, detinha a nona fortuna nacional, com 589 milhões de euros.
“Faz parte da natureza humana contrair cada vez mais dívidas. Quando as contraímos, não somos mal-intencionados, estamos a pensar pagar”, diz numa entrevista na SIC.
2012
O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) penhora Joe Berardo em três milhões por dívidas. A holding de Berardo, a Metalgest, não tinha pago serviços financeiros prestados pelo banco espanhol em 2004.
2000-2015
Neste período, a Fundação Berardo e a Metalgest devem um total de 320 milhões à Caixa Geral de Depósitos. Grande parte do dinheiro foi usado para comprar ações do Millennium BCP.
10 de maio de 2019
“Não tenho nada, não devo nada” refere na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão e recapitalização da CGD. É um dos maiores devedores do banco público, do BCP e do Novo Banco, que lhe exigem 962 milhões de euros. Uma garagem na Madeira será o único imóvel em seu nome.
Garante que, pessoalmente, não tem dívidas, que não é dono da coleção de arte que pertence à Associação Coleção Berardo, a que preside. Ao comentário de que a Caixa está a custar “uma pipa de massa” aos contribuintes portugueses, responde: “A mim, não!”
Marcelo Rebelo de Sousa pede-lhe decoro e respeito pelas instituições. É ponderada a retirada das distinções atribuídas pelo Estado português.
O presidente da Comissão Parlamentar, Luís Leite Ramos, anuncia o envio de transcrição da audição a Berardo ao Ministério Público.
17 de maio 2019
“Não pedi nenhuma condecoração. Eu não tenho só essas, eu tenho nove (…). Não pedi nada disso, nem tive influência. Eles deram-me por serviços à comunidade. Se eles quiserem levar… olhe, é um descanso”, afirmou José Berardo, em declarações ao jornal Sol.
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