Porém, nem todo(as) estavam preparado(as) para o raio de luz, a Liberdade ! Essa faísca fascinante de um mundo novo, de um homem novo que se abriu de repente.
Alguns já berram histericamente que querem de volta o mundo antigo, o arcaico, o das trevas. Tanto os barões, os mordomos e os criados miseráveis sentem-se inconsolados..
O ar puro fere-lhes as ventas entupidas da cera das velas e do pó dos veludos caros, mas imundos.
Sentem a necessidade do mando, do chicote sobre a plebe, da segurança dentro dos seus palácios balofos ornados com os deuses protectores inertes em nichos de talha dourada e mudos nos cantos dos salões.
Sentem a necessidade do mando, do chicote sobre a plebe, da segurança dentro dos seus palácios balofos ornados com os deuses protectores inertes em nichos de talha dourada e mudos nos cantos dos salões.
Sentem a falta do vinho vampiro o que lhes purifica a alma e as vísceras, do silêncio frio, da paz putrefata de cemitério.
Sentem a falta daquela velha vida de ter tudo mas estar vazio
Vivem sem confessar, dar parte de fracos, que têm medo do povo, pesam-lhe na consciência os roubos e os crimes e secam, mirram, sem conhecer as emoções profanas dos bailes populares, das cantorias nas tavernas das bebedeiras do sol.
Afinal, ser livre dá trabalho... Muito trabalho ! alguns tentam mas não conseguem. A criadagem, os bobos pagam as favas, levam com a chibata mas obedecem para terem as migalhas do pão, a raiva recalcada morre dentro dos corpos curvados e do olhar triste.
Lá fora tudo acontece, o bom e o mau, o triste e o alegre e o tempo apesar de tudo está parado.
António Garrochinho
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