O aperto de mão. A acreditar na comunicação social e na estatística, o grande assunto de hoje é um aperto de mão. O treinador da equipa de futebol do Futebol Clube do Porto não estendeu a mão ao presidente do Sporting Club de Portugal, no final do jogo da Taça em futebol profissional.
Como em quase tudo, esse gesto tem aspetos negativos e positivos, mas acima de tudo reveladores do tipo de cultura em que vivemos e do tipo de gente que nos rodeia e com quem temos de conviver.
O gesto do dito treinador é elucidativo dos valores que se tornaram dominantes na nossa cultura. Do tipo de vizinhos que temos, do tipo de seres com quem nos cruzamos, com quem partilhamos espaços públicos. Até, e porque hoje é dia de eleições, dos tipos que escolhem as políticas que vão determinar a nossa vida.
O aperto de mão é, segundo os antropólogos, um gesto que surgiu entre os homens primitivos como um sinal de boa vontade para com o rival de outra tribo: um deles estendia a mão, vazia, para demonstrar ao outro que não portava nenhuma arma e desejava um relacionamento pacífico.
O dito treinador informou a sociedade que não está para "pazes".
Mas ao longo dos tempos as sociedades humanas evoluíram e o aperto de mão transformou-se num gesto de urbanidade, geralmente praticado entre pessoas do mesmo estatuto social. Os súbditos e os crentes não apertavam a mão aos fidalgos nem aos sacerdotes, beijavam a mão. Só entre iguais se apertava a mão.
Como em quase tudo, esse gesto tem aspetos negativos e positivos, mas acima de tudo reveladores do tipo de cultura em que vivemos e do tipo de gente que nos rodeia e com quem temos de conviver.
O gesto do dito treinador é elucidativo dos valores que se tornaram dominantes na nossa cultura. Do tipo de vizinhos que temos, do tipo de seres com quem nos cruzamos, com quem partilhamos espaços públicos. Até, e porque hoje é dia de eleições, dos tipos que escolhem as políticas que vão determinar a nossa vida.
O aperto de mão é, segundo os antropólogos, um gesto que surgiu entre os homens primitivos como um sinal de boa vontade para com o rival de outra tribo: um deles estendia a mão, vazia, para demonstrar ao outro que não portava nenhuma arma e desejava um relacionamento pacífico.
O dito treinador informou a sociedade que não está para "pazes".
Mas ao longo dos tempos as sociedades humanas evoluíram e o aperto de mão transformou-se num gesto de urbanidade, geralmente praticado entre pessoas do mesmo estatuto social. Os súbditos e os crentes não apertavam a mão aos fidalgos nem aos sacerdotes, beijavam a mão. Só entre iguais se apertava a mão.
O dito treinador não se sente um igual do presidente do outro clube.
Mas o aperto de mão é ainda, e mais modernamente, um gesto social.Personagens com determinado estatuto social apertam a mão e deixam-se assim fotografar, mesmo quando são adversários, ou concorrentes.
Mas o aperto de mão é ainda, e mais modernamente, um gesto social.Personagens com determinado estatuto social apertam a mão e deixam-se assim fotografar, mesmo quando são adversários, ou concorrentes.
O aperto de mão é um gesto ritual entre civilizados.
O dito treinador não tem consciência desse significado de representação nem daquilo que se designava por ser educado, ou polido. O dito treinador não tem a noção da polidez nas relações sociais e ele é uma personagem com responsabilidades sociais, até pela recorrência das suas aparições publicas e pelo relevo que a elas é dado.
Não se arrota nem se peida em publico, nem se tiram burriés do nariz. O dito treinador não tem essa noção de reserva - explica a grosseria com a franqueza.
Não se arrota nem se peida em publico, nem se tiram burriés do nariz. O dito treinador não tem essa noção de reserva - explica a grosseria com a franqueza.
Quanto a franqueza é qualidade que os aficionados reconhecem aos toiros: tem uma investida franca, dizem.
Estes são os aspetos que me parecem pouco "humanos" do comportamento do dito treinador. E saber que ele é aplaudido por se comportar assim levou-me a procurar o lado positivo do gesto.
Existe. É que poderíamos, aqueles que não são futeboleiros como eu, acreditar que nesta comunidade de pé na bola os cumprimentos entre confrades e adversários seriam feitos ao pontapé, à cabeçada, à semelhança do jogo. Ainda não.
Existe. É que poderíamos, aqueles que não são futeboleiros como eu, acreditar que nesta comunidade de pé na bola os cumprimentos entre confrades e adversários seriam feitos ao pontapé, à cabeçada, à semelhança do jogo. Ainda não.
Resta um fio de esperança de a grosseria não ser irremediável porque a recusa de um aperto de mão é ainda motivo de conversa, de controvérsia.
A notícia ainda é sobre o tipo, um treinador que recusou o aperto de mão a um dirigente de clube adversário e não sobre o tipo que lhe deu uma pezada ou uma cabeçada ...
A notícia ainda é sobre o tipo, um treinador que recusou o aperto de mão a um dirigente de clube adversário e não sobre o tipo que lhe deu uma pezada ou uma cabeçada ...
Sem comentários:
Enviar um comentário