por Resumen Latinoamericano/ Ojos para la Paz – agosto 2016
Slobodan Milosevic foi vilipendiado de maneira sistemática por toda a imprensa ocidental e pelos políticos dos países da OTAN. Os meios de comunicação da época o qualificaram como “carniceiro” e o compararam com Hitler. Foi acusado de “genocida” e de ser “um monstro sedento de sangue”, segundo apregoavam os grandes diários europeus e estadunidenses de então. Com a utilização desse clichê falsificado, tratou-se de justificar não só as sanções econômicas contra a Sérvia, mas também os bombardeios da OTAN, em 1999, sobre a Sérvia, assim como a encarniçada guerra de Kosovo. O político sérvio passou os últimos cinco anos de sua vida na prisão, defendendo tanto seu país como a si mesmo das horrendas acusações de crimes cometidos durante uma guerra que, agora, o Tribunal Internacional reconhece ter Slobodan Milosevic tentado evitar. Todos os indícios apontam que Milosevic foi envenenado na prisão. Os EUA o queriam morto. E agora? Outro crime – de Bill Clinton e Javier Solano – impune?
Canarias Semanal – Dez anos depois de Slobodan Milosevic, ex-presidente da desaparecida Iugoslávia, morrer em estranhas circunstâncias, o Tribunal Penal Internacional exonerou o político sérvio da responsabilidade em supostos crimes de guerra cometidos na Bósnia, entre os anos de 1992-1995.
Em uma falha extraordinariamente reveladora, porém que os meios de comunicação ocidentais procuraram manter discretamente silenciada, a Sala de Primeira Instância do Tribunal de Haia, que condenou Radovan Karadzic, chegou à conclusão, unânime, em sua sentença de que Slobodan Milosevic não tomou parte da “empresa criminosa conjunta” para “limpar etnicamente” a Bósnia de muçulmanos e croatas.
A sentença estabelece que as comunicações interceptadas entre Milosevic e Radovan Karadzic colocam em evidência que o primeiro qualificou como ‘um ato ilegítimo em resposta a outro ato ilegítimo’ a tentativa da assembleia bósnio-sérvia de expulsar os muçulmanos e croatas do território bósnio.
Além disso, os juízes do Tribunal Internacional também encontraram provas irrefutáveis de que “Slobodan Milosevic expressou suas reservas acerca de que uma Assembleia sérvio-bósnia pudesse excluir os muçulmanos da Iugoslávia”.
A sentença diz, igualmente, que no curso das reuniões celebradas com sérvios e funcionários sérvio-bósnios, “Slobodan Milosevic afirmou que os membros de outras nações e grupos étnicos deviam ser protegidos, e que no interesse nacional dos sérvios não deve figurar a discriminação contra outras etnias”. Naquela ocasião, “Milosevic declarou, também, que o crime dos grupos étnicos devia ser combatido com energia”.
UM VILIPÊNDIO GENERALIZADO
Slobodan Milosevic foi vilipendiado de maneira sistemática por toda a imprensa ocidental e pelos políticos dos países da OTAN. Os meios de comunicação da época o qualificaram como o “carniceiro dos Bálcãs” e o compararam com Hitler. Foi acusado igualmente de “genocida” e de ser “um monstro sedento de sangue”, segundo rezavam as manchetes dos grandes jornais Com a utilização desse clichê falsificado, tentou-se justificar não apenas as sanções econômicas contra a Sérvia, mas também os bombardeios da OTAN, em 1999, sobre a Sérvia, assim como a encarniçada guerra do Kosovo.
O político sérvio passou os últimos cinco anos de sua vida na prisão, defendendo tanto seu país como a si mesmo das horrendas acusações de crimes cometidos durante uma guerra que, agora, o Tribunal Internacional reconheceu Slobodan Milosevic ter tentado evitar.
Não obstante, em sua última sentença, o Tribunal Internacional de Haia não fez nada para que fosse tornado público e expressamente conhecido que nela ficava limpo o nome de Milosevic dos crimes pelos quais era acusado. Sigilosamente, os juízes enterraram, entre mais de 2.590 páginas, sua inocência, sabendo que a maioria das pessoas nunca iria se ocupar de ler inteiramente tão profuso veredito. Porém, felizmente não aconteceu assim.
UM CRIME ENCOBERTO?
Assim, vale a pena recordar que Slobodan Milosevic morreu em obscuras circunstancias. Formalmente, sua morte se deveu a um ataque do coração. Este ocorreu apenas duas semanas depois que o Tribunal Internacional negou sua solicitação para submeter-se a uma cirurgia cardíaca na Rússia. Foi encontrado morto em sua cela, 72 horas após seu advogado enviar uma carta ao Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia, na qual denunciava que Milosevic estava sendo deliberadamente envenenado.
Em um informe oficial do Tribunal de Haia acerca da investigação realizada sobre sua morte, confirmou-se ter sido encontrado rifamicina em uma análise de sangue realizada post morten.
A presença de rifamicina – um medicamento que nunca foi prescrito por seus médicos – no sangue de Milosevic atesta que este medicamento anulava os efeitos do remédio que estava tomando contra a pressão alta, fato que multiplicou as possibilidades de sofrer um infarto, que finalmente terminaria sendo a causa de sua morte.
Todas estas circunstâncias deram lugar à fundada suspeita de que poderosos interesses geopolíticos preferiam um Milosevic morto, antes que finalizasse o julgamento, a ver como o Tribunal Internacional terminava absolvendo-o por falta de provas. Um grande número de escutas do Departamento de Estado dos Estados Unidos, filtrados pelo Wikileaks, confirmaram que o Tribunal esteve discutindo sobre a condição médica de Milosevic, assim como sobre os registros médicos realizados pelo pessoal da Embaixada dos Estados Unidos em Haia, sem que para isso tivessem contado com o consentimento dos juízes. Todos os fatos levaram ao julgamento de que a morte de Milosevic se deu simplesmente por “causas naturais”, tal e como pretenderam apresenta-la os meios ocidentais.
Imagem: Um acontecimento que a imprensa ocidental oculta e reabre as suspeitas que rodearam sua misteriosa morte.
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