O novo ministro da Educação anunciou que os exames seriam substituídos no básico, e ao que parece no secundário, por provas de aferição. A conservarem algum papel, será semelhante ao da nobreza hereditária na Câmara dos Pares em 1910.
Este anúncio é um erro pedagógico, um erro social e um erro económico.
É um erro pedagógico porque:
- Ou as provas de aferição reprovam como os exames, ou, se não reprovam, a baixa geral do grau de exigência é ineviável, para acomodar no ano sup+erior os que deveriam ter reprovado.
- É um erro social
- Nada resolve dos problemas do ensino no nosso país. Esses problemas são basicamente os da inadequação entre a oferta de títulos escolares e a oferta de empregos para esses títulos: aquela aumenta, esta falta. Porquê? porque há reprovações a mais. Há reprovações a mais porquè? Porque, apesar dos esforços acelerados por Maria de Lurdes Rodrigues e depois por Nuno Crato, o sistema continua demasiado virado para a Universidade.
- Os nossos alunos do básico e do secundário ou não têm motivação ou não têm massa cinzenta e reprovam, Em grandes proporções. A melhor solução era adotar um sistema no básico/secundário à alemã ou à norte -americana: ninguém reprova antes da universidade, os maus alunos são desviados da matemática para as disciplinas de «cabeleireiro», «limpeza de balneários desportivos» (os piores) e serralharia, canalização (os intermédios). Os bons vão para estudos superiores. Não há desajustamentos individuais: cada aluno é classificado segundo o seu grau de competência, em articulação com as possibilidades de produção económica.
- O que pressupõe um sistema de bolsas de estudo para os que têm mérito, que ainda ninguém se lembrou de organizar.
- O que pressupõe ainda a articulação com as empresas.
O novo sistema já esteve em vigor. Cria o «moral hazard» pois o mesmo professor ensina e dá a nota, tendo sobre o estudante um poder excessivo e escapando a qualquer avaliação objetiva do seu próprio desempenho. E mantém os vícios do sistema: continuaremos a produzir adolescentes desajustados, que sabem que estão a estudar para não alcançarem um emprego.
Entre os seus erros sociais está o de não ter sido debatido publicamente e, portanto, não assentar em nenhum consenso. Ninguém se preocupou com os pais nem com os alunos. Nem com as empresas. O Economista Português aposta que em breve voltaremos à dança dos sistemas de classificação.
O sistema é economicamente mau porque continua a subsidiar as economias estrangeiras para as quais enviaremos os nossos reprovados e, sobretudo, os licenciados e trabalhadores qualificados produzidos em número desajustado das realidades económicas e por isso forçados à emigração.

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