AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

domingo, 3 de janeiro de 2016

PlanetAlgarve com as Charolas de Bordeira num dia alucinante de cultura tradicional




A tradição das charolas ainda é o que era em algumas localidades algarvias e Bordeira, no interior do concelho de Faro, é disso prova viva. Os costumes fazem-se atualidade pela mão da Sociedade Recreativa Bordeirense e a tradição das charolas mantém-se viva e com futuro garantido.
Assim, a sede da associação recebeu ontem e volta a receber no Dia de Reis, 6 de janeiro, o encontro anual de Charolas, percorrendo também várias localidades do concelho, nomeadamente Santa Bárbara de Nexe e Estoi.
O PlanetAlgarve decidiu sair da sua zona de conforto, Quarteira e Vilamoura, e aventurou-se a acompanhar a viagem pela tradição de dar boas vindas musicais ao novo ano que está na alma das gentes bordeirenses, em particular e algarvias, em geral, mostrada numa iniciativa muito animada, revivendo a história coletiva dos algarvios.
Chegámos pelas 13 horas a Santa Bárbara de Nexe, a convite da ex deputada Antonieta Guerreiro, que nos acolheu no estabelecimento comercial da família, o Supermercado do Rossio / O Meu Café. E logo aí assistimos à atuação da charola Juvenil União Bordeirense.
Após um almoço volante familiar, partimos para um dos momentos altos do dia, o encontro anual de charolas, inicialmente previsto para o palco montado ao ar livre no Rossio mas, em virtude das condições climatéricas instáveis, com previsão de chuva, o encontro foi transferido para o Salão Polivalente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Nexe.
Pelo palco desfilaram mais de uma dezena de grupos, entre os quais, Democrata de Bordeira; União Bordeirense; Juventude União Bordeirense; Juvenil Bordeirense; Mocidade União Bordeirense; Flor de Lis (Bordeira); Charola Ossónoba (Estoi – Faro); Charola da Conceição de Faro; Grupo de Cantares do Rancho Folclórico de Santa Bárbara de Nexe; Charolas das Barreiras Brancas – Loulé (este último renascido após 15 anos de inatividade, pela mão de um grupo de jovens da localidade), entre outros.
Aqui, relembraram-se nomes maiores da tradição das charolas bordeirenses, Cipriano Losinho, José Joaquim e José Afonso Pires Pinto. Em outro momento, foi ainda lembrado o Ti Jaime “Chenchilha”.
Daí, rumámos à Bordeira, um sítio com cerca de 700 habitantes, dos quais cerca de 250 se envolvem diretamente nos grupos de charolas, ou seja, 20% da população, sinónimo mais que evidente da capacidade de mobilização das suas gentes, uma sociedade que nos fez lembrar a sociedade civil da nossa Quarteira, igualmente envolvida em larga escala nas suas iniciativas.
Em Bordeira, acompanhámos as charolas num verdadeiro périplo pela localidade, com atuações no Salão da coletividade e atuações em restaurantes e snack-bares da povoação, entre os quais o Café Central e o Restaurante Pinto, onde assistimos pela primeira vez a um momento já tradicional por aquelas paragens: Uma monumental desgarrada de quadras improvisadas no momento, cheias de humor e malícia, entre membros das charolas e o público.
Ao fim de 9 horas, já vencidos pelo cansaço, demos por terminado o nosso trabalho já passava das 22 horas. Mas a festa continuou pela noite dentro, revelando não só um grande envolvimento dos bordeirenses como também a sua enorme capacidade de resistência. Muitos parabéns às gentes de Bordeira e nunca desistam de defender as vossas tradições e os vossos costumes, valores transmitidos geração após geração, património da memória coletiva.
De referir ainda que o PlanetAlgarve realizou ainda uma entrevista com a presidente da Sociedade Recreativa Bordeirense, a encantadora e dinâmica Eva Mendonça, bem como ao professor de Acordeão, Nelson Conceição, que nos falam das origens das charolas e da vida da coletividade. Uma entrevista que publicaremos oportunamente.
A Sociedade Recreativa Bordeirense é a principal estrutura associativa de Bordeira (Freguesia de Santa Bárbara de Nexe, Concelho de Faro). A sua fundação data de 1936 e toma raízes na tradição charoleira e, em particular, no grupo de charolas “Mocidade União”, criado em 1918, seguido, em 1919, da “União Bordeirense”.
O aparecimento da Sociedade Recreativa Bordeirense é também tido como a expressão da vontade dos Bordeirenses em quebrar o isolamento com que tradicionalmente se debatiam por falta de comunicações, de dispor de um local apropriado e condigno onde encontrar-se para realizar bailes, récitas , charolas, mas também se dá num período de extraordinário crescimento de Bordeira (Faro) quer do ponto de vista demográfico quer económico através da consolidação da atividade das pedreiras e da indústria da cantaria, que a par da agricultura ainda pujante fazem viver toda a gente.
Atualmente a Sociedade Recreativa Bordeirense continua a ser assumida como um elemento integrador do espírito e do bairrismo Bordeirense.
Principais períodos festivos da Sociedade Recreativa Bordeirense:
Janeiro: dia 1 e Dia de Reis – Encontro de Charolas
Fevereiro / Março – Carnaval
Junho – Marchas Populares
Julho – Festas de verão de Bordeira
Outubro/ Novembro – Recitas (Teatro Amador)
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve


Sem comentários: