Faz hoje um ano que o Charlie Hebdo foi atacado, provocando a onda de indignação e solidariedade de que todos se recordam.
Depois da chacina as vendas e assinaturas aumentaram, mas a última capa ( que assinala precisamente a data) não honra nem os jornalistas mortos, nem os que ficaram.
Como escrevia há dias Ferreira Fernandes, no DN, " Até o Charlie já não dá o nome aos bois". E na verdade, assim é. Utilizar a imagem de Deus com a legenda " Um ano depois o assassino continua à solta" é uma demonstração de fraqueza.
Os jornalistas mortos no dia 7 de Janeiro de 2015 mereciam mais e Deus também não merecia tal desfeita.
O Vaticano fez fortes críticas à capa do Charlie Hebdo, considerando-a um ataque a todas as religiões. Considero pertinente a reacção, mas discordo dos seus termos. Na verdade, as religiões têm sido a maior causa de guerras entre os homens, embora isso nada tenha a ver com Deus.
Hoje, em Paris, um totó qualquer sem o medo dos europeus e com a irreverência que lhes tem faltado, entrou numa esquadra com um cinto de explosivos, disposto a assinalar a data com mais um atentado. Não teve tempo, nem juízo, porque os explosivos eram falsos e a faca não permitiria grandes estragos por isso, foi morto pela polícia.
Mas conseguiu atingir o propósito: lembrar que há uma ano uns fanáticos decapitaram um jornal e lançaram o medo na Europa.
Por mim, nesta data, apenas quero recordar que há um ano não entrei na onda do " Je suis Charlie".
E não estou nada arrependido, acrescente-se.
cronicasdorochedo.blogspot.pt

1 comentário:
Eu só estranho é o jornalista Ferreira Fernandes dizer que achicalharam a imagem de Deus com esta caricatura.Então se a igreja ensina que o Deus Criador,o Padre Eterno é um Ser invisível,porque é que o pintam com longa cabeleira e barbas patriarcais?!
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