Em tempo de balanços, Francisco Assis arrisca uma previsão sobre a queda do Governo de Costa e não poupa nos elogios a Passos Coelho e à bancada parlamentar do CDS.
Francisco Assis acha que será António Costa a escolher o momento do fim do Governo que dirige. E acredita que isso pode acontecer antes daquele que é visto como o momento mais crítico para a atual maioria: a apresentação do Orçamento do Estado de 2017 em outubro.
“António Costa, para ter sucesso, terá de ter condições para escolher o tema e o momento da crise política anunciadora do seu fim. É aí que tudo se vai jogar e tal poderá suceder muito mais cedo do que antevê a maioria dos especialistas”, escreve o socialista no jornal Público.
Assis defende que a solução que Costa encontrou à esquerda o obriga a “governar em permanente estado de tensão procurando uma relação direta com o país, dramatizando deliberadamente os problemas que facilmente poderá antecipar”.
Com essa estratégia, acredita Francisco Assis, Costa coloca-se “numa dimensão quase suprapartidária” e ganha margem para ser ele próprio o criador de uma crise política que sirva o propósito de o libertar das negociações permanente à esquerda e de clarificar a situação política.
Passos, o líder da direita
Com Paulo Portas de saída do CDS, Assis acha que Passos Coelho “tem todas as condições para liderar a direita portuguesa”.
O socialista acha que o antigo primeiro-ministro “revelou força de caráter e até uma certa obstinação que é própria dos líderes políticos”. Mais, Assis escreve no Público que, para aqueles que defendem a doutrina do PSD “o legado que deixa está longe de ser negativo”, pelo que nada põe em causa a sua liderança.
Assis acha que o único problema de Pedro Passos Coelho poderá ser o estar “demasiado próximo” do Governo de Costa em algumas matérias. “Confrontar-se-á nessas ocasiões com a contradição entre os seus deveres de homem de Estado e as tentações de chefe partidário”, prevê.
“Não será fácil a escolha, mas será precisamente nesses instantes que se vai decidir inteiramente o seu futuro”, defende o eurodeputado do PS.
Ainda à direita, Assis considera que Portas “fez bem em abandonar a liderança do CDS” e diz que por mérito seu o partido conta agora com “provavelmente a melhor primeira linha parlamentar da Assembleia da República” que faz com que tenha condições de sobreviver sem o seu líder mais carismático de sempre.
No balanço do ano, Assis escusa-se, porém, a fazer avaliar Cavaco: “É ainda demasiado cedo para fazer uma avaliação verdadeiramente objetiva de um homem que marcou de forma determinante os últimos trinta anos de vida política nacional”.
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