Passos Coelho continuará na liderança do PSD mesmo que possa ter derrota nas legislativas
A um ano do embate eleitoral, os sociais-democratas posicionam-se atrás do líder – para bloquear eventuais movimentações internas rumo à sucessão e para transmitir a imagem de que o partido está coeso em torno de Passos.
O vice-presidente do PSD Carlos Carreiras defende que Passos Coelho deve manter-se à frente do partido para lá de 2015, mesmo que saia derrotado das eleições legislativas.
Carlos Carreiras, num artigo de opinião publicado no i, escreve que, “independentemente dos resultados, os dois [Passos e António Costa] devem continuar como líderes partidários depois das legislativas”. Essa, explica, “será a única forma de não paralisar o país num cenário, largamente previsível, de necessidade de soluções políticas e reformadoras”. Ao i, o presidente da Câmara de Cascais acrescenta que “seria muito aconselhável que [o presidente do PSD] continuasse” em funções, em nome da “estabilidade” dos “compromissos”.
Carreiras não esteve no encontro da última quinta-feira entre o presidente do PSD e os líderes das distritais, mas nessa reunião Passos deixou no ar a mensagem: em eleições são tão naturais as vitórias como as derrotas, e uma vitória do PS não é sinónimo de que a vida política acabe para ele. Passos Coelho não descartou a reeleição – aliás, está convicto de que a vitória está ao alcance do partido – e foi isso que quis dizer aos dirigentes locais no encontro da última semana.
A mensagem serve tanto para mobilizar os apoiantes como para dissuadir os que “gulosamente” já olham para 2015 como o momento certo para renovar o ciclo da liderança.Carreiras pensa que a vitória é tarefa “difícil, mas não impossível”. E se isso não acontecer, será uma “profunda injustiça” para o PSD, refere. Uma tese que ganha apoios dentro do partido. Na verdade, sem tirar nem pôr, Hugo Soares reafirma estar “mais que convencido de que o PSD tem todas as condições para ganhar” as eleições de 2015. Mesmo que os eleitores entendam que o trabalho desta legislatura “não foi suficiente”, o líder da JSD considera que “o projecto para o país não pode terminar em 2015″. Trocando por miúdos, “se assim quiser, Pedro Passos Coelho tem todas as condições e legitimidade para continuar como líder”, independentemente do resultado eleitoral. Mesmo que venha a ficar como eventual número dois de António Costa? “Devemos é perguntar se o líder do PS estará disponível para ser número dois de Passos Coelho”, devolve o deputado. A crença é forte.
As cartas vão estar na mão de Passos Coelho daqui a menos de um ano. Pedro do Ó Ramos – que, já este ano, dirigiu a campanha de recandidatura do líder do partido – lembra que a decisão é pessoal, mas não esconde que, pelo trabalho feito ao longo da legislatura, o presidente do partido “merece” continuar aos comandos do PSD. E, “se decidir” fazê-lo, acredita o vice-presidente da bancada parlamentar (em substituição de Teresa Leal Coelho), “contará com o reconhecimento do partido pelo trabalho que foi feito e que precisa de ser continuado, porque requer mais de uma legislatura”.
Neste jogo não há regras formais. Crente numa vitória no próximo ano, Pedro do Ó Ramos lembra, porém, que “a prática dita que os líderes derrotados saem”. Perder e ficar “não é comum, mas este primeiro-ministro já quebrou algumas regras em Portugal”, diz. De qualquer modo, a convicção do deputado é a de que, seja qual for a decisão de Passos, o primeiro-ministro “não vai deixar de ter intervenção política em Portugal”. De que forma? É esperar para ver.O resultado é a lei O PSD não fala, porém, a uma só voz e há quem relativize a assertividade dos que defendem a continuação de Passos antes mesmo de perceber o que os portugueses vão dizer nas legislativas. Fontes sociais-democratas ouvidas pelo i notam que a distância do PSD face ao PS, no final da noite eleitoral, fará toda a diferença no momento de pesar qual será o passo seguinte.
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