a solução final
As empresas fracas devem falir e dar lugar a outras, mais empreendedoras, mais inovadoras, mais tenazes na busca do lucro. O mundo do trabalho deve ser dos mais ambiciosos, dos que não olham a meios para subir na vida. Há que separar o trigo do joio, distinguir os fracos dos fortes, deitar fora os velhos, os doentes, os desempregados que nada produzem, que vivem do erário público, da chulice, da divina providência em que o Estado se transformou.
É este, e só este, o pensamento, a crença, a bíblia que rege todas as acções dos homens de negro que nos governam. O mundo é dos capazes. O mundo é dos audazes. Dos insaciáveis e dos menos escrupulosos. Os que assim não agirem devem ser excluídos, esmagados, triturados pela máquina brutal do fisco, do confisco, do desemprego, se do suicídio tanto melhor. Palavras como solidariedade, equidade, justiça social, humanismo, igualdade de oportunidades, não fazem parte do vocabulário desta gente. O sofrimento alheio em nada lhes diz respeito. Não governam para pessoas, mas para mercados onde mais não somos do que gado a abater. O País é uma empresa que deve gerar lucro. Os salários, a não ser os daqueles que primam pela excelência da arrogância e da rapacidade, devem ser reduzidos para que possamos ser competitivos. A Saúde e a Educação devem ser geridos por empresas privadas, têm que dar dinheiro "custe o que custar". Temos que empobrecer, para que uns poucos enriqueçam, os que fazem mover a Terra. A esmola, a caridade, a sopa dos pobres são os bálsamos com que apaziguam as consciências.
Quais judeus em Auschwitz, encaminhamo-nos para as câmaras de gás sem um protesto, um gesto de revolta. Os fornos crematórios, alimentados pelos nossos corpos inúteis, irão aquecer o Inverno desta gente sem alma e sem vida digna desse nome.
É a solução final.
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