Os Pavões-Parolos
Por Manuela Fonseca
Barreiro
Lá de cima, a Águia-Presidente, avessa a injustiças, disse para si própria que ia convocar os Conselhos de Tordos, Pardais, Tentilhões, Canários, Pintassilgos, Verdilhões e Outros para lhes auscultar as opiniões. O que aconteceu com brevidade.
No tempo em que os animais falavam e os seres humanos ainda não existiam, terá ocorrido, entre milhões de outras, uma história curiosa: vaidosos no andar, nas cores mostradas em autênticas passagens de modelos, os Pavões queriam ganhar as eleições que se avizinhavam. Decidiram, na Assembleia de Chefes, que mentiriam tanto, tanto e tão convictamente, que os incautos votariam neles como se fossem impolutos candidatos.
Fizeram uma campanha rápida para substituir os adversários políticos, com quase tudo e todos à beira da falência – diziam os presunçosos bichos que não aumentariam impostos, que alguns eram, até, escandalosos; em suma: propiciariam, a breve trecho, as condições para a melhoria da qualidade de vida das Aves.
As penas reluziam-lhes nos ares impantes com que afirmavam mais-isto-e-mais-aquilo; as Aves acreditavam no que lhes era soprado, tais os disparates que as Cegonhas, ainda não tiradas do “tacho”, tinham feito e permitido.
Contados os votos, feitos de caules da mesma espécie de plantas para cada eleitor, depositados em grandes buracos feitos em troncos de infelizes árvores, os Pavões triunfaram. O Principal repetiu, até à saciedade, tudo o que ele e os Outos Importantes tinham afirmado; as Aves voltaram a acreditar nas trapalhices e as Canoras exibiram, alegres, os dotes vocálicos.
Os mais evoluídos lamentavam a euforia que, como em momentos antecedentes, idênticos, e a prática de vida lhes ensinavam, acabaria cedo. O que aconteceu num ápice. O Principal e os Acólitos desbarataram, logo, o pouco que ainda restava, tiraram trabalho e outras regalias que, durante milénios, tinham sido conquistadas; puseram, num instante, as Aves numa aflição bem maior do que a anterior.
Os Pavões-Parvalhões, como o Povo começou a designá-los, cada vez faziam mais tropelias – para além das outras, também aumentaram os impostos e andavam sempre a caminho de uma estranha figura, “A Rebola”, magistralmente designada pelas Aves-Pobres. Contavam-lhe, eufóricos, servis e cobardes, os dislates que faziam.
“A Rebola” aplaudia, em poses nunca vistas, e os seus amigos de interesses, “Os Três Ladrões”, não saíam da Terra das Aves, nojentos e intimidantes.
Lá de cima, a Águia-Presidente, avessa a injustiças, disse para si própria que ia convocar os Conselhos de Tordos, Pardais, Tentilhões, Canários, Pintassilgos, Verdilhões e Outros para lhes auscultar as opiniões. O que aconteceu com brevidade.
Exauridos, os pobres bichos, apesar de tudo nem vencidos nem convencidos, referiram-Lhe, em várias horas, a pouca vergonha executada por tais Parolos e solicitaram à Águia que tomasse mais atenção ao que os seus insolentes subordinados andavam a fazer, enquanto fingiam governar.
Disse-lhes ela:
– Não tenho andado a dormir; antes observo, discretamente, o que os imbecis projectam e levam às últimas más consequências para vocês; agora, que acabo de ouvir-vos, decidi: eles vão, e depressa, para junto da “Rebola” e dos “Três Ladrões”, depenados e envergonhados. Não tenho poder sobre todos eles mas pode ser que aprendam a lição.
Os Representantes do Povo em coro:
– Obrigada; como vê e sabe, eles já nos depenaram, tal a maldade que têm! Que possamos (quase, só quase) retribuir-lhes as “gentilezas”! Queremo-los bem longe de nós. Não sem antes da devolução do que nos surripiaram, malandros!
Despediram-se. A Águia-Presidente, com o apoio da população, tirou os Pavões-Parvalhões do poleiro. Sem este e sem penas, correu nos séculos e séculos, que engraçados ficavam… Lá se foram embora, a tiritar, para junto dos amigos que valiam tanto como eles.
Veio uma Junta Governativa das Aves que, pouco a pouco, dificilmente e chia de canseiras, sacrifícios e apoio da População, resolveu as maiores aflições.
Moral da fábula: em tempos imemoriais e agora houve e há presidentes e Presidentes. Estes, apenas, sabem que “O Povo é quem mais ordena!”
Manuela Fonseca
Fizeram uma campanha rápida para substituir os adversários políticos, com quase tudo e todos à beira da falência – diziam os presunçosos bichos que não aumentariam impostos, que alguns eram, até, escandalosos; em suma: propiciariam, a breve trecho, as condições para a melhoria da qualidade de vida das Aves.
As penas reluziam-lhes nos ares impantes com que afirmavam mais-isto-e-mais-aquilo; as Aves acreditavam no que lhes era soprado, tais os disparates que as Cegonhas, ainda não tiradas do “tacho”, tinham feito e permitido.
Contados os votos, feitos de caules da mesma espécie de plantas para cada eleitor, depositados em grandes buracos feitos em troncos de infelizes árvores, os Pavões triunfaram. O Principal repetiu, até à saciedade, tudo o que ele e os Outos Importantes tinham afirmado; as Aves voltaram a acreditar nas trapalhices e as Canoras exibiram, alegres, os dotes vocálicos.
Os mais evoluídos lamentavam a euforia que, como em momentos antecedentes, idênticos, e a prática de vida lhes ensinavam, acabaria cedo. O que aconteceu num ápice. O Principal e os Acólitos desbarataram, logo, o pouco que ainda restava, tiraram trabalho e outras regalias que, durante milénios, tinham sido conquistadas; puseram, num instante, as Aves numa aflição bem maior do que a anterior.
Os Pavões-Parvalhões, como o Povo começou a designá-los, cada vez faziam mais tropelias – para além das outras, também aumentaram os impostos e andavam sempre a caminho de uma estranha figura, “A Rebola”, magistralmente designada pelas Aves-Pobres. Contavam-lhe, eufóricos, servis e cobardes, os dislates que faziam.
“A Rebola” aplaudia, em poses nunca vistas, e os seus amigos de interesses, “Os Três Ladrões”, não saíam da Terra das Aves, nojentos e intimidantes.
Lá de cima, a Águia-Presidente, avessa a injustiças, disse para si própria que ia convocar os Conselhos de Tordos, Pardais, Tentilhões, Canários, Pintassilgos, Verdilhões e Outros para lhes auscultar as opiniões. O que aconteceu com brevidade.
Exauridos, os pobres bichos, apesar de tudo nem vencidos nem convencidos, referiram-Lhe, em várias horas, a pouca vergonha executada por tais Parolos e solicitaram à Águia que tomasse mais atenção ao que os seus insolentes subordinados andavam a fazer, enquanto fingiam governar.
Disse-lhes ela:
– Não tenho andado a dormir; antes observo, discretamente, o que os imbecis projectam e levam às últimas más consequências para vocês; agora, que acabo de ouvir-vos, decidi: eles vão, e depressa, para junto da “Rebola” e dos “Três Ladrões”, depenados e envergonhados. Não tenho poder sobre todos eles mas pode ser que aprendam a lição.
Os Representantes do Povo em coro:
– Obrigada; como vê e sabe, eles já nos depenaram, tal a maldade que têm! Que possamos (quase, só quase) retribuir-lhes as “gentilezas”! Queremo-los bem longe de nós. Não sem antes da devolução do que nos surripiaram, malandros!
Despediram-se. A Águia-Presidente, com o apoio da população, tirou os Pavões-Parvalhões do poleiro. Sem este e sem penas, correu nos séculos e séculos, que engraçados ficavam… Lá se foram embora, a tiritar, para junto dos amigos que valiam tanto como eles.
Veio uma Junta Governativa das Aves que, pouco a pouco, dificilmente e chia de canseiras, sacrifícios e apoio da População, resolveu as maiores aflições.
Moral da fábula: em tempos imemoriais e agora houve e há presidentes e Presidentes. Estes, apenas, sabem que “O Povo é quem mais ordena!”
Manuela Fonseca
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