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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012



Que triste dia!

Morreu Papiniano Carlos!
Desde 1957 este seu poema me acompanha.

Caminhemos Serenos

Sob as estrelas, sob as bombas,
sob os turvos ódios e injustiças,
no frio corredor de lâminas eriçadas,
no meio do sangue, das lágrimas
caminhemos serenos.

De mãos dadas,
através da última das ignomínias,
sob o negro mar da iniqüidade
caminhemos serenos.

Sob a fúria dos ventos desumanos,
sob a treva e os furacões de fogo
aos que nem com a morte podem vencer-nos
caminhemos serenos.

O que nos leva é indestrutível,
a luz que nos guia conosco vai.
E já que o cárcere é pequeno
para o sonho prisioneiro,

já que o cárcere não basta
para a ave inviolável,
que temer, ó minha querida?:
caminhemos serenos.

No pavor da floresta gelada,
através das torturas, através da morte,
em busca do país da aurora,
de mãos dadas, querida, de mãos dadas
caminhemos serenos. 



Depois, conheci-o, homem afável, simples.

Com ele, fizemos viagens para além dos poemas. De luta e esperança.
Morreu o autor de "a menina gotinha de água"
Anónimo seculoxxi.

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