Será legítimo?
O New York Post publicou esta imagem, que está a causar uma enorme controvérsia. Depois de uma altercação, um homem foi lançado na linha do Metro. Um jornalista freelancer viu tudo e captou a imagem do homem que tentou, sem sucesso, escapar de uma morte certa. A filha da vítima disse (aqui) que deveriam ter feito mais para salvar o pai, mas acabou por concluir, resignada: «O que está feito, está feito». No meio da indignação geral, pairam várias perguntas: (1) o jornalista deveria ter tentado salvar o homem em desespero, em vez de captar uma imagem? (2) o jornal deveria ter publicado aquilo? A questão (1) discute-se jurídica e eticamente, no âmbito do debate sobre o alcance do dever de auxílio. A questão (2) está um pouco enviesada pelo facto de o jornal em causa ser um tablóide, que se defende aqui. Não houve dezenas de imagens de pessoas em queda das Torres Gémeas? Aqui pode dizer-se que não é a mesma coisa, que o fotógrafo poderia ter feito algo mais. Mas, então, isso é regressar à questão (1), a da omissão do dever de auxílio. Se o fotógrafo não tinha o dever de socorrer (por estar longe, por não ter tempo…) não vejo mal que o jornal tenha publicado a fotografia. Mas é uma opinião que desconhece todos os contornos do caso, um caso será certamente escrutinado pelas autoridades policiais e judiciais. A questão ética do uso de imagens violentas, essa, levar-nos-ia muito longe…
António Araújo
Malomil
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