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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Paulo Cristóvão até tinha espia dentro do Fisco


 
NELSON MORAIS

O ex-presidente do Sporting, Paulo Pereira Cristóvão, obteve informações confidenciais da maioria dos árbitros de futebol, em 2011, através de uma funcionária das Finanças, arguida noutro processo.
 

Paulo Cristóvão até tinha espia dentro do Fisco
Godinho Lopes com Paulo Cristóvão
 
Virgínia Maria Ferreira de Freitas era a funcionária repartição de Finanças Lisboa 1 que utilizou as bases de dados da Administração Tributária e Aduaneira (ATA) para pesquisar e transmitir a Paulo Pereira Cristóvão, entre outras informações, números de identificação fiscal e bancárias, rendimentos, titularidade de bens móveis e imóveis e identificação dos cônjuges dos árbitros.
A pesquisa desses dados foi feita a 14 de julho e a 10 de agosto de 2011, num serviço combinado entre Cristóvão e o companheiro daquela funcionária, Carlos Ferreira Alves da Silva. Este é funcionário reformado do Fisco e recebera, da parte do então vice-presidente dos leões, a lista dos árbitros que apitavam jogos da 1.ª Liga de Futebol.
O serviço não terá sido feito por favor ou simpatia clubística. Virgínia Freitas e Alves da Silva são suspeitos de terem feito negócio com as bases de dados do Fisco. Aliás, não foram agora acusados de crime, porque, antes de ser aberto o processo de Cristóvão, já eram investigados noutro inquérito, que ainda está pendente na 9.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Um deles está já em prisão preventiva, mas o JN não logrou confirmar qual.
Pelos mesmos factos, Cristóvão foi já acusado de um crime de acesso ilegítimo, previsto na lei do cibercrime e punível com pena até cinco anos de prisão. E o facto de ter posteriormente criado e gerido um ficheiro informático em formato Excel, com as informações dos árbitros, também lhe valeu a acusação por um crime de devassa, que pode custar até dois anos.
Cristóvão foi acusado de outros cinco crimes: um de burla qualificada, que lesou o Sporting em 57 mil euros; um branqueamento de capitais, pela dissimulação daquele dinheiro através da empresa Rightexpert; dois de peculato, pela apropriação ilegítima de 4640 euros do clube; e outro de denúncia caluniosa contra o árbitro José Cardinal.
O segundo arguido visado pela acusação é Vítor Viegas, antigo superior hierárquico de Cristóvão na Polícia Judiciária, que vai responder por três crimes. Os de branqueamento e burla e foram cometidos em coautoria com Cristóvão, mas o outro, de devassa por meio informático, foi-lhe aplicado só a si.
A acusação por este crime resulta do facto de lhe ter sido apreendido um ficheiro informático, Excel, contendo os nomes dos futebolistas profissionais do Sporting, das suas mulheres e de alguns dirigentes do clube, e informações sobre das residências e a marca, modelo, matrícula e cor dos automóveis 

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