Paulo Cristóvão até tinha espia dentro do Fisco
NELSON MORAIS
O ex-presidente do Sporting, Paulo Pereira Cristóvão, obteve informações confidenciais da maioria dos árbitros de futebol, em 2011, através de uma funcionária das Finanças, arguida noutro processo.
| Godinho Lopes com Paulo Cristóvão |
Virgínia Maria Ferreira de Freitas era a funcionária repartição de Finanças Lisboa 1 que utilizou as bases de dados da Administração Tributária e Aduaneira (ATA) para pesquisar e transmitir a Paulo Pereira Cristóvão, entre outras informações, números de identificação fiscal e bancárias, rendimentos, titularidade de bens móveis e imóveis e identificação dos cônjuges dos árbitros.
A pesquisa desses dados foi feita a 14 de julho e a 10 de agosto de 2011, num serviço combinado entre Cristóvão e o companheiro daquela funcionária, Carlos Ferreira Alves da Silva. Este é funcionário reformado do Fisco e recebera, da parte do então vice-presidente dos leões, a lista dos árbitros que apitavam jogos da 1.ª Liga de Futebol.
O serviço não terá sido feito por favor ou simpatia clubística. Virgínia Freitas e Alves da Silva são suspeitos de terem feito negócio com as bases de dados do Fisco. Aliás, não foram agora acusados de crime, porque, antes de ser aberto o processo de Cristóvão, já eram investigados noutro inquérito, que ainda está pendente na 9.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Um deles está já em prisão preventiva, mas o JN não logrou confirmar qual.
Pelos mesmos factos, Cristóvão foi já acusado de um crime de acesso ilegítimo, previsto na lei do cibercrime e punível com pena até cinco anos de prisão. E o facto de ter posteriormente criado e gerido um ficheiro informático em formato Excel, com as informações dos árbitros, também lhe valeu a acusação por um crime de devassa, que pode custar até dois anos.
Cristóvão foi acusado de outros cinco crimes: um de burla qualificada, que lesou o Sporting em 57 mil euros; um branqueamento de capitais, pela dissimulação daquele dinheiro através da empresa Rightexpert; dois de peculato, pela apropriação ilegítima de 4640 euros do clube; e outro de denúncia caluniosa contra o árbitro José Cardinal.
O segundo arguido visado pela acusação é Vítor Viegas, antigo superior hierárquico de Cristóvão na Polícia Judiciária, que vai responder por três crimes. Os de branqueamento e burla e foram cometidos em coautoria com Cristóvão, mas o outro, de devassa por meio informático, foi-lhe aplicado só a si.
A acusação por este crime resulta do facto de lhe ter sido apreendido um ficheiro informático, Excel, contendo os nomes dos futebolistas profissionais do Sporting, das suas mulheres e de alguns dirigentes do clube, e informações sobre das residências e a marca, modelo, matrícula e cor dos automóveis
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