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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Natal das Ressurreições


Esta época natalícia apresenta inúmeras semelhanças com a Páscoa, tal o número de ressurreições que está a proporcionar.
Primeiro foi o Álvaro. De ministro remodelável e patinho feio do elenco governativo, passou a estrela da companhia. Deram-lhe corda e ele começou a falar. Entusiasmou-se tanto, que acabou da forma mais previsível: estampou-se  quando afirmou que a Europa estava ser naif por insistir em aplicar  regras ambientais para a indústria. As reacções não se fizeram esperar.
A primeira a sair a terreiro foi Assunção Cristas que teceu duras críticas às declarações do ministro Álvaro. Logo de seguida foi o número dois do PSD- Moreira da Silva- cujas críticas contundentes mereceram mesmo um reparo de Paulo Rangel. Não por serem injustas, mas demasiado acutilantes. Finalmente, foi o ministro das finanças a meter a colherada de uma forma que tem um cheirinho de vingança, pelo facto de Álvaro estar a querer fazer-lhe sombra. E quanto á redução do IRC para as empresas foi avisando:talvez em 2014, mas com as regras que eu ditar.
A segunda ressurreição foi a de Relvas. Ultrapassado o período de nojo que lhe foi imposto depois de ter mentido na AR ( sem quaisquer consequências) o ministro das licenciaturas a crédito  aparece remoçado. Não há dia em que não estenda a bocarra para uma multidão de microfones em riste. Sempre com um sorriso nos lábios, lá vai somando gaffes e patranhas. Da gaffe do apoio a Seara, à declaração de que este governo tem sido de uma transparência imaculada no processo de privatizações, Relvas tem sempre alguma coisa a dizer.
Não espanta que  Relvas considere transparente o processo de privatizações. A sua bitola em matéria de transparência é demasiado baixa, como ficou provado com o processo da sua licenciatura(?). 
Até final do ano vamos assistir a, pelo menos, mais uma ressurreição. Por estes dias Cavaco Silva irá decidir o futuro do OE e, presume-se, irá falar ao país depois de um longo período de silêncio. O mais provável é que justifique a promulgação do OE por razões de interesse nacional mas, como tem dúvidas quanto à sua constitucionalidade, remete-o de imediato para o TC, pedindo a fiscalização sucessiva. (Pelo que noticia o "Expresso" a única coisa que o preocupa é saber se o corte da sua pensão é constitucional...)
Depois, com a mesma tranquilidade de Pilatos, irá comer bolo rei, rabanadas e beber um copo de “vinho fino”.
Quem não ressuscitará por estes dias é o povo português. Bem pelo contrário. Continuará à espera que esta classe política coloque o último prego no seu caixão. Uma vez consumada a tarefa, talvez estrebuche. Temo que seja tarde e já ninguém o oiça.

Crónicas do rochedo

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