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domingo, 7 de outubro de 2012


METÁFORA - O Manifesto


Eu digo-te
que o sol floresce limpo
sobre o estrume das aparências
e que as palavras são casas nas cidades da voz

digo-te
que as ruas são mãos a repousar,
que as coisas de pedra são canções
e que as canções são luas, de tão brancas…

dir-te-ei,
vez por outra,
que as plantas são mulheres e homens
cansados da colheita improvável,
que os dias – todos eles –
são movimento,
que as noites são o esconderijo
dos sonhos à espera de acordar
e que os muros são pontes entre agora e depois

falar-te-ei de passos sem distância,
de espaços sem medida,
de memórias sem tempo
e de gente sem medo de morrer,
mas jamais me ouvirás falar da renúncia
enquanto o murmúrio me for permitido
na cidade da voz libertada

Também a metáfora se come, se bebe
e não sabe render-se enquanto viva 



Maria João Brito de Sousa 
blog pekenasutopias

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