De um diário imaginário
Chove e relampeja. O comissário da Cultura parece que pediu escusa, por motivos de saúde, para sair do Governo. Mas já deve ter motivos suficientes, com a experiência que teve, para escrever alguns romances policiais cujo homicídio central tenha sido provocado por asfixia. E parece-me ser um atitude avisada, profilática, agora que este governo atingiu os píncaros de popularidade... Não quero falar de ratos, nem de navios.
Continua a chover neste Outono do nosso descontentamento. E percebo, num momento de clarividência súbita, como e porque a maior parte dos filósofos europeus nasceram a Norte. Como eles são escassos em Portugal, na Espanha, na Itália... A Grécia é a excepção, mas na Antiguidade. Quando a Cultura floresce, todo um povo mostra o seu melhor, nas artes, nos ofícios e nas ciências.
Esta incomodidade, que hoje sentimos, mas que vem de longe, deve ter-se transformado, ao longo dos séculos, na bem conhecida melancolia à portuguesa. Ou para mais uma vez citar Camões, nesta "apagada e vil tristeza". Que nos tem condenado a ser governados por videirinhos, oportunistas, miguéis de vasconcelos, carreiristas...eu sei lá!
Sobram-nos poetas, e continua a chover.
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