Saiu à noite com amigos para celebrar o seu 35.º aniversário e deveria ser mais uma noite de festa como tantas outras. Mas não foi. Quando abandonava um bar em Londres no sábado à noite, o colunista de esquerda Owen Jones foi subitamente atacado por quatro indivíduos, ficando com ferimentos leves na cabeça, causados por um pontapé.
“Eles avançaram, pontapearam-me nas costas, atiraram-me ao chão e, aí, deram-me um pontapé na cabeça”, relatou o colunista. “Foi um claro ataque premeditado e eu fui o alvo. Todos eles me atacaram e apenas ameaçaram os meus amigos quando me tentaram defender”, denunciou Jones no Twitter. E apontou responsáveis directos: militantes de extrema-direita.
“No último ano fui recorrentemente alvo de militantes de extrema-direita na rua, incluindo tentativas de agressão física e ataques homofóbicos. Tive um militante de extrema-direita a tirar-me fotografias e a publicar mensagens ameaçadoras e um vídeo”, continuou o colunista.
Mas os responsáveis vão bem para além de quem desferiu os golpes em si, argumenta Owen. “Eles [a extrema-direita] tem-se radicalizado por causa dos políticos tradicionais e de um largo segmento dos media mainstream”, denunciou, alertando que se assiste ao “aumento de uma extrema-direita arrojada, crescentemente violenta e que tem como alvo as minorias e pessoas de esquerda”.
“A extrema-direita é cada vez maior uma ameaça violenta e assustadora tanto neste país como noutros”, continuou Owen.
Jones referiu já ter denunciado as agressões à polícia britânica e que os seus amigos sentiam que era uma questão de tempo até ser alvo de agressões de elementos da extrema-direita. “Dado o contexto, parece inimaginável eu ter sido escolhido por outra razão que não para um ataque político premeditado”, disse.
Denuncia acompanhada pelo líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que, em mensagem de “solidariedade” ao activista de esquerda, admitiu que “a extrema-direita está a avançar” no Reino Unido. “Um ataque a um jornalista é um ataque à liberdade de expressão e aos nossos valores fundamentais”.
A polícia metropolitana de Londres confirmou a denúncia, mas que nenhuma detenção foi feita até ao momento e que está a averiguar “todas as circunstâncias” das agressões. As autoridades recolheram relatos de testemunhas e vão agora analisar os vídeos das câmeras de rua.
“Um homem de 30 anos foi atacado por quatro homens, que também agrediram os seus amigos quando tentaram intervir. Nenhum deles sofreu ferimentos que obrigassem a tratamento hospitalar ou a chamar-se o serviço de ambulâncias de Londres. Nenhuma detenção foi feita”, afirmaram as autoridades, citadas pelo Guardian.
Owen Jones é colunista do Guardian e uma das figuras da esquerda reformista mais mediáticas no Reino Unido. É autor de vários livros, entre os quais Chavs : The Demonization of the Working Class e The Establishment : And how they get away with it, e é um conhecido activista da causa LGBT.
De acordo com a Polícia Metropolitana de Londres, registou-se nos últimos quatro anos uma subida substancial de ataques de ódio na capital britânica: de 1488, em 2014, para 2308, em 2018.
No início de Junho, duas mulheres foram brutalmente agredidas num autocarro em Londres por jovens entre os 16 e os 20 anos por causa da sua orientação sexual. Os jovens pediram-lhes que se beijassem e quando lhes foi recusado, teceram uma série de comentários homofóbicos e acabaram por partir para a violência.
Ambas responsabilizaram a normalização do discurso de ódio no país contra minorias e a ascensão da extrema-direita. E garantiram que não deixariam de ser quem são.
medium.com
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