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sábado, 17 de agosto de 2019

Motorista que transportou Marcelo avisou para “revolução civil”



Motorista que, em janeiro, transportou Marcelo escreveu um e-mail a ameaçar com uma greve que provocaria uma “revolução civil”. Governo mandou para PGR e secretas

O email foi enviado há uma semana para uma estrutura do topo do Estado, na sexta-feira, horas antes dos plenários dos sindicatos. E fez soar os sinais de alarme. Não só por confirmar que os motoristas estariam dispostos a seguir uma estratégia de terra queimada, mas
Em sete parágrafos, que o Expresso pode consultar, o email lembra o exemplo do Chile ou do Brasil (“26 dias foi quanto durou a greve no Chile, o governo caiu”, lê-se na missiva, em referência à paralisação de 1972 ontra Salvador Allende), detalha o "caos" que provocaria a greve e termina com uma premonição: “A população vai revoltar-se e (...) está muito iminente uma revolução civil que pode não ser tão civilizada como o 25 de abril de 1974”.
Chegando às mãos do Governo, este foi rápido a reagir: enviou-o para a Procuradoria-Geral da República, para os serviços de informações e para o Sistema de Segurança Interna, para que todos averiguassem se os termos do email podem configurar uma ameaça ao Estado ou tentativa de insurreição. O Expresso sabe que serviços conhecem o conteúdo da carta mas desvalorizam o documento - não consideram que as palavras do motorista de pesados seja uma ameaça real mas apenas um desabafo. A PGR também desvaloriza: "Após apreciação, concluiu-se que o relato constante da exposição em apreço não se insere no âmbito das atribuições e competências legalmente atribuídas ao Ministério Público".
Nesta segunda greve, porém, os sindicatos envolvidos já foram mais longe. Nem os serviços mínimos, nem a requisição civil decretada, nem o acordo entre outro sindicato (Fectrans, ligado à CGTP) e a Antram chegou ainda para fazer recuar os dois sindicatos envolvidos. No mesmo email que o Governo entregou ao Ministério Público, ficava já claro que a determinação à partida era de levar a luta até ao fim: “O primeiro dia da greve talvez não tenha grande impacto, mas ao avançar-se para uma paralisação prolongada com a atenção dos media, poderá ser o caos total”, avisava Fernando Frazão, destacando à cabeça que o Algarve seria alvo preferencial “não só pela invasão de turistas, mas pela falta de gásoduto”.
Nos primeiros dias, o Algarve foi, de facto, a região mais prejudicada pela falta de combustível. Só que o autor não contava com a eficácia da resposta do Governo ao apontar as consequências da paralisação. “No segundo dia as prateleiras dos supermercados irão estar a 20/30% sem produtos de primeira necessidade; os postos de combustível estarão já a acusar rutura de stock, a agricultura começará a abrandar as colheitas para não perder os produtos da época. No terceiro dia as fábricas terão que parar pela falta da matéria-prima como pelo não escoamento do produto acabado; centrais termo-elétricas reduzirão a potncia e dar-se-à uma crise energética instalando-se o caos”, previa Fernando Frazão.
Ao lembrar as greves ocorridas noutros países (no Brasil, a greve de há um ano teve efeitos sérios e fez tremer o governo de Temer), o motorista Fernando Frazão deixou o prognóstico: “Olhando para nós, uma greve dessas dimensões seria o desastre nacional”.
A verdade é que a requisição civil travou os efeitos imediatos da greve. Mas durante a semana foram vários os avisos de responsáveis dos vários setores económicos a avisar: se a greve se prolongar por muito mais tempo, será inevitável haver problemas mais sérios.
O Expresso tentou contactar Fernando Frazão, mas sem sucesso.
expresso.pt

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