A Plataforma Cultural de Almada critica os «injustificáveis» cortes financeiros e denuncia: «o presente Executivo tem dado mostras de uma inoperabilidade surpreendente, no que toca à cultura».
Na reunião pública da Câmara de Almada (PS), ontem realizada, os grupos de teatro e de artes performativas, através da Plataforma Cultural da cidade, criticaram o facto de, «passados mais de seis meses sobre a tomada de posse, o presente Executivo tem dado mostras de uma inoperabilidade surpreendente, no que toca à cultura».
Na comunicação pedem que a autarquia liderada por Inês de Medeiros inicie, desde já, «um diálogo informado e respeitoso com os agentes no terreno para a elaboração de uma política cultural sustentada para o presente quadriénio» e «honre os compromissos financeiros vigentes entre o Município e os grupos».
A lista de críticas é encabeçada pelas companhias protocoladas – a Companhia de Teatro de Almada, Teatro Extremo e Companhia de Dança de Almada, que «sofreram cortes financeiros injustificáveis», colocando «em risco» a «prossecução do seu trabalho para os próximos quatro anos».
Além de não terem sido ainda pagos os cachês da Mostra de Teatro, realizada em Novembro, e da Linha de Apoio à Actividade Teatral para 2018 ainda não ter sido lançada, «pondo em causa a actividade de uma vintena de colectivos», os signatários denunciam o facto de os mecanismos de apoio associativo existentes estarem «bloqueados, através de despropositadas e mesquinhas exigências burocráticas».
Acrescentam que a organização conjunta da Mostra de Teatro deste ano «está suspensa» e condenam o «asfixiamento» da actividade do Teatro Municipal António Assunção «por via de um sub-financiamento que ignora e desonra um protocolo vigente».
A plataforma admite estar em risco a caracterização de Almada como «Cidade do Teatro», sublinhando que representa «um dos concelhos onde mais se conquistou no campo da Cultura, como demonstra o prestígio que Almada goza, como município e comunidade, em todo o País».
Nem no tempo da troika
Numa carta enviada às redacções, o Teatro Extremo acrescenta que «Almada é uma cidade associada à Cultura, porque sempre soube valorizar o que possuía: as suas gentes e as estruturas artísticas que se foram formando num processo criativo sempre em movimento».
Quanto à perda de financiamento por parte da autarquia, ressalva que «nem nos tempos mais negros da troika [isso] sucedeu».
No que respeita a este grupo de teatro, o corte é de quase 18% relativamente a 2017. O grupo explica que, apesar de no protocolo estabelecido com o Município para este ano, o reordenamento das verbas até aumente nominalmente o financiamento ao «Sementes», «esse rearranjo foi feito à custa da transferência das verbas anteriormente destinadas à produção e criação do Teatro Extremo e não por qualquer apoio suplementar, o que enfraquece a sua capacidade de ser uma proposta artística alternativa para a livre escolha da população do concelho».
«A Cidade do Teatro é feita por cidadãos informados e exigentes, agentes activos e não passivos, eles próprios criadores do seu advir e que, como tal, não deixarão de manifestar igualmente a sua incompreensão pelo desinvestimento inexplicável», conclui.
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